domingo, 26 de dezembro de 2010

Sob novas direções.

Perguntaram no meu formspring o que havia acontecido com o meu blog e porque eu havia parado de escrever. E aí eu fiquei pensando muitas coisas.
Meu blog continua aqui, mas evidentemente, eu parei de escrever. Eu parei porque estava me sentindo muito incomodada com algumas coisas.
Havia alguns assuntos da qual eu não podia falar e são estes assuntos, a qual tenho mais coisas para dizer.
Eu escrevo porque os meus pensamentos, muitas vezes não cabem em mim. E eu escrevo neste blog porque pessoas muito queridas frequentam.
Mas é público, verdade. Por isso, muitas vezes repenso sobre continuar escrevendo ou não. O suporte que eu uso (blog) interfere muito na minha escrita.
Se eu parar de escrever aqui, automaticamente, vou parar de escrever. Há algum tempo fiz um diário e parei de escrever nele também.
Mas hoje eu fiquei pensando...e relacionei meu blog com outras coisas que eu gostava e me senti obrigada a parar.
E aí conclui algo muito triste: Depois que eu paro, eu me arrependo e tento voltar, mas já é tarde demais porque eu perco o ritmo.
Não quero perder o ritmo. Eu preciso disso, eu preciso colocar aqui os meus pensamentos. Eu sinto muito.
Meu blog é público mesmo. Mas eu insisto na ideia de que as pessoas tem a opção de não vir me visitar.

Outra coisa que eu pensei é uma teoria que o William me disse muitas vezes: "Ao escolher uma coisa, você pode estar deixando de escolher outra".
Verdade. Doía muito quando eu escutava essa frase. Porque eu eu nunca quis deixar de escolher alguma coisa importante.
Mas a vida nos obriga a eleger prioridades. E ao escolher uma prioridade, aquela outra coisa deixa de ser prioridade.
A dinâmica é simples. Já foi mais doloroso. Mas hoje entendo que sempre dá pra escolher. E escolher nem sempre é ruim.
Mas no fundo, nós temos que bancar as nossas escolhas. Agora eu penso antes de escolher, por sinal.

Lembrando disso, pensei que sempre me deparo com duas escolhas: Prefiro que doa em mim ou prefiro que doa no outro?
E eu sempre me escolho pra sentir a dor.
Eu sempre prefiro que doa em mim, mesmo que eu não concorde com a dor do outro.

As pessoas tem algumas dores e algumas vezes, acho que essas dores poderiam ser resolvidas mesmo que essas pessoas não façam nada por si mesmas.
Mas eu não sou ninguém para julgar a dor dos outros. No entanto, muitas vezes a dor dos outros acaba doendo em mim.
Mesmo que eu rafaça as minhas escolhas todos os dias de modo que eu não sinta tanta dor de mim mesma.
No final das contas, eu penso "tudo bem, está doendo, mas eu consigo aguentar mais essa".
É bem verdade essa história das cicatrizes que as vezes escrevo aqui. Eu tenho muitas, algumas físicas, mas muito mais psicológicas.
Uma a mais, não vai estragar meu corpo nem a minha cabeça.
Por isso eu prefiro que doa em mim. Porque não vai fazer muita diferença.
Acho que não fazer muita diferença mesmo que seja algo que faria toda a diferença, é bem triste.

Mas novamente, digo que nós temos sempre opções e escolhas.
E todos nós podemos escolher fazermos alguma diferença.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ponte do Limão.

Tava quase pulando, quando ela apareceu e disse oi. Olhou-me de cima a baixo e disse:

- Se eu fosse tu, eu não pulava.

Olhei de cima abaixo também, para ela.

- Se eu fosse tu, eu também não pulava, eu ia ali na esquina e descolava uma grana com esse corpinho.

Tirou um cigarro da mochila, acendeu, soltou a fumaça e olhou-me.

- Aposto que você não quis dizer isso. Aposto que tu só ta tentando manter a fama de ranzinza.

Mas você nem me conhece - eu disse - não sabe se tenho fama de ranzinza.

Ela disse: É ? - e já emendou com um: Mas você tem cara de quem faz essas coisas.

Fiquei em silêncio. Era o fim, não havia mais nada, não havia sequer algo para dizer.

- Se você não pular, divido com você o pedaço de pizza de calabresa que tenho numa tigela aqui na minha mochila....

Não lembro qual foi a ultima vez que uma garota me ofereceu um pedaço de pizza.

Sabe quando um rosto novo anuncia algo de bom que poderia acontecer?

Naquele dia eu resolvi não pular.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Efêmero

Ele a encontrará sentada na sarjeta fumando um cigarro num dia pobre.
Ele se aproximará e dirá: Oi. Ela responderá o Oi, ainda sem empolgação.
E eles conversarão, ele em nenhum momento irá se incomodar com o fato dela usar uma camiseta rasgada nas mangas, uma calça jeans surrada e um all star sujo.
Ele não se incomodará com nada, porque ela será receptiva,
Ele saberá sobre tudo, todos os filmes, todos os livros e tudo. Ele saberá tudo sobre tudo.
Ele saberá coisas que ela nem mesmo pode imaginar que existem.
E ela estará fumando e pensando em todos os livros que abandonou antes de chegar na metade e em todos os filmes que não conseguiu chegar ao fim.
Mas ele irá acha-la interessante, mesmo assim, contudo.
Contudo, ela sorrirá ao pensar nessa possibilidade.
Mas não se surpreenderá ao constatar que era a única garota da rua.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Outro miniconto sem título.

- Mãe, ele me seguiu até aqui. Posso ficar com ele?

Pensou que a mãe diria:

- É mesmo? Mas você mora tão longe, como você diz, tão afastada da civilização. Como ele conseguiu te seguir até aqui?

No entanto, a mãe respondeu:

- Ok, pode convidá-lo para entrar. Mas quem vai cuidar, é você, entendeu? Quem vai dar comida é você, dar banho, é você, levar pra passear, é você. E você que vai limpar a sujeira!

Imediatamente afastou os móveis e deixou para o novo membro de sua vida, um espaço.

Ela disse:

- Vou te chamar de Rex!

E ele fez cara de interrogação.

- Oras, mas rex é tão bonito....rex, hei rex, rex vem buscar o teu jantar!

Ele abanava o rabo e sabia muito bem como ganhar uma recompensa.

Pensou que não era necessário uma coleira. Alguém poderia encontrá-lo na rua. E qualquer pessoa seria capaz de dizer:

- Sei quem tá cuidando de você, é evidente. Acho melhor você voltar pra casa, daqui a pouco vai chover!

E ele tomaria chuva na cabeça e ficaria pensando, em tudo que já estragou, tudo que já sujou e aquilo deixaria a chuva escorrendo nos pêlos de sua cabeça de forma mais triste.
Triste porque preferia não dar trabalho algum, embora fosse bom ser cuidado por alguém com tanto carinho e compreensão.

Havia um tapete seco no batente da porta. E ela o esperava com uma toalha felpuda em mãos para poder enxugá-lo. Agora já sabia como enxugar.
No final das contas, depois de tanto tempo, era necessário alguém para ela cuidar nas noites de chuva.
E de frio.
E de calor também.
Em todas as noites, era o que ela pensava.

Sempre haveria espaço, todo o espaço.

Hanshen, parte um de mim.

No teatro também aprendi que o fim existe. O fim de um ciclo. Qual ciclo? Não sei. O nosso, o só meu, o só seu, um ciclo e existem tantos ciclos, sabe.
Um dia ele chegou, aquele cara que dividia a marmita, a cerveja, iluminava palcos e a minha vida, tocava a música e me fazia sorrir, com tudo de louco e insano.
Aquele cara que várias vezes, eu dividi a cena e construí uma nova.
Um dia ele disse que precisava ir embora. E dissemos que ele podia voltar e era verdade.
No começo foi estranho. Era a primeira vez, sabe a primeira vez de alguma coisa? Não dava pra imaginar a vida com aquele buraco.
Ele estava em todos os lugares, em todas as esquinas, em cada doce, em cada texto e em cada marcação.
Mas era necessário algo novo. E por necessidade, não tivemos medo. Abrimos o nosso coração e a nossa casinha e dissemos - Vem, pode entrar, você é novo e você é bem vindo.
E ele entrou.
E ás vezes lembramos desse dia. Começou como quem não queria nada. Eu liguei e disse:

- Oi...sabe o que é? Hoje é sábado. Estou tão sozinha. Não podemos dançar?

Ele disse:

- Comigo? Mas eu acabei de chegar!

E eu não tive medo. E foram momentos doces.

O garotinho de cabelos ruivos, nunca deixou de estar aqui. Vez ou outra nos encontramos e conversamos e damos risadas.
E o outro garoto também foi embora já, mas sei que vez ou outra também nos encontramos e conversamos e damos risadas.

Antes do segundo garoto dessa história ir embora, outros queridos se foram também. E dessa vez eu sabia lidar com a situação.
Dessa vez eu soube respirar e consegui dividir o bolo de padaria no momento seguinte. E tudo bem.
Dessa vez, não havia um buraco.
Dessa vez eu sabia que só precisámos de um momento, um tempo, para que trocássemos de lugar.

Um dia eu tava numa peça e ouvi alguém dizer "Eu transformo".

E eu resolvi transformar sempre.

Porque a gente só precisa achar o lugar onde conseguimos nos sentir melhor.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Minicontos

I

Meus braços estão retorcidos de tanto limpar o chão ao esperar uma visita sua.
Uma visita em que você fique. E encoste o carro na sarjeta e deixe o cachorro correr pelo jardim.
E divida toda a pizza que eu comprei de madrugada, só porque você escolheu que fosse assim, que a história fosse assim.
E eu também escolhi. E toda vez que você parte, as paredes e o teto choram por mim. Mas não tem problema, porque eu escollhi que fosse assim.
Eu te quero na mesa do jantar, mas se quiser sair, tudo bem. A porta é a serventia da casa, é o que dizem.
Pode ir, eu abro a porta para você. Eu já te dei a chave e tudo volta quando quiser.
Não há segredos no cadeado, queria pensar que não há segredos em nada.
E mesmo que eu tenha meus próprios segredos, os únicos segredos que tenho guardado são os seus.


II

Ao descer do ônibus, pensou que ainda havia como voltar pra casa. Encostou o bilhete único na catraca e percebeu que não tinha crédito.
Pensou em contar as moedas que tinha no bolso traseiro, mas certamente, não conseguiria pagar um bilhete pra voltar.
E olha que hoje já havia pedido dinheiro para alguém. Moço, você tem um carro? Para onde você vai? Tu pode me dar um trocado pra eu pegar o busão?.
Um trocado aqui, um trocado ali, um resto de comida aqui, água para ajudar a engolir, essas coisas.
A gente vai engolindo mesmo, fazer o que.
Acende um cigarro. A única coisa que poderia fazer no momento, era acender um cigarro.
Fumante apenas em dias pobres. Era um dia pobre este. Suas unhas estão descascadas e suas calças provavelmente já respiraram dias melhores.
Pensou em mostrar os peitos em troca de dinheiro para voltar. Mas já havia mostrado os peitos bastante naquele dia. Estava cansada.
Uma hora algum senhor bonzinho aparece e me dá uma carona - foi o que pensou.
E voltou a fumar distraidamente, porque era a única opção que lhe sobrou, aqueles cigarros amassados dignos de conquistar rapazes aleatórios na rua.
Uh, a juventude. Ela sempre conseguia pensar rapidamente em todas as possibilidades.
Mas naquele dia, ela respondeu que estava tudo bem.
Porque acostumou-se a fazer isso.


III

Não era um presente, ora essa, porque presentes são bonitos. Era apenas uma doação com um bilhete escrito com sangue, feito para doer.
Mas recebeu de bom grado mesmo assim. Gostava de receber presentes, mesmo os feios. Alguns presentes tinham carga, fato.
Pensou que poderia ser um presente bomba, abriu com cuidado afastando-o do rosto. De fato explodiu.
Não importa. Disse para o carteiro que estava tudo bem. Só para que ele pudesse ir pra casa sem dor na consciência.
Já era um fardo bem pesado em si, ter os cachorros mordendo suas pernas.
Com a cara toda queimada, como num desenho do Coyote e do papaléguas, largou o presente num canto do quarto e nunca mais mexeu.
Mas sempre lembrava do presente. Em todos os momentos.
Depois de um tempo, resolveu dar um fim naquilo tudo.
Queimou o bilhete escrito a sangue, numa panela com fogo.
Respirou o cheiro de queimado e pensou que o ar e a água não pontuam o fim, mas o fogo sim.
Fechou os olhos e escutou a música do Bach que vinha de algum outro cômodo da casa. Sua música favorita, maravilhosa coincidência.
Tudo isso durante a hora do almoço, com platéia e tudo.
Pensou em chorar. Mas fez uma cara de indiferença.
Ainda assim aquele momento não deixou de ser poético.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

1, 2, 3, salve o meu mundo.

Eu só precisava de alguém pra brincar de esconde-esconde. Alguém que soubesse um bom lugar para esconder.
Alguém que grudasse o corpo junto ao meu entre duas paredes e fizesse Shiiu, pra ninguém escutar.
Alguém que dissesse "não tem ninguém olhando, pode ir"
pra eu sair correndo e gritar,
batendo a mão na parede: 1 2 3 Mayra.
Talvez eu não conseguisse chegar a tempo.
Mas depois ele sairia correndo, depois de todo mundo,
bateria a mão na parede
e gritaria
1 2 3 salvo o mundo

E o jogo começaria denovo
escondidos novamente
e denovo
denovo
denovo

Até que não precisemos mais nos esconder.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

De onde eu vim

Lembro desse dia. Eu estava no chão da sala abrindo os presentes que eu havia recebido naquele aniversário de sete anos.
Peguei o caderninho com o Mickey na capa e perguntei o que era e a minha mãe provavelmente disse que era um diário.
Eu sabia o que era um diário, já devia ter visto na tv, inclusive, achava o máximo as histórias do Doug.
Minha mãe deve ter dito que era um caderneta de contar como foi o dia e escrever meus pensamentos. E isso me convenceu.

O diário permaneceu em branco por uns tempos. E logo comecei a escrever, lembro de alguns velhos registros, inclusive.
O problema é que eu não dominava regras sobre os diários. Depois de um curto espaço de tempo, eu lia o que havia escrito e jogava fora, porque achava tudo ruim e alguém podia ler.
Não havia segredos, mas eu definitivamente não queria que lessem o jeito como eu escrevia mal e sobre assuntos tão inúteis.
Arranquei todas as folhas quando tinha uns nove anos e joguei tudo fora.
Uma vez na 5ªsérie, estávamos estudando o gênero diário e novamente pensei como podia ser legal, ter um diário. Voltei a escrever.
Mas depois parei denovo. Mas esse ainda tenho (o velho caderninho do Mickey, já desgastado depois de tantas folhas arrancadas...).

No entanto, sempre tive percepção de como o diário ajudava nas coisas que eu tinha que escrever na escola, era um exercício que me fazia bem.
Com 12 anos, devo ter visto um anuncio no ig, falando que dava pra ter um diário virtual. Algumas conhecidas tinham...
Fiz um também. Não lembro o nome. Depois mudei para o blogger e lá fiquei. A idéia era mesmo ter um diário.
Por muito tempo escrevi coisas cotidianas e abria toda a minha vida ali. Mas nunca me dei conta de que, a minha escrita deixava de ser privada.
Por esse motivo, tive inúmeros problemas no blog por expôr a minha opinião. E se tem uma coisa que eu sempre banquei, é a minha opinião. Então, já viu.

Em 2007, cansada dos problemas do blog, resolvi escrever um diário com assuntos mais pessoais. Mantive os dois. Mas escrevi no diário por menos de um ano.
Ainda tenho este diário também. Parei de escrever nele, por falta de tempo, nunca conseguia parar para escrever, até que nunca mais escrevi.
Resolvi ser mais limpinha no meu blog e me expôr menos. E fiquei preenchida. Com o blog consigo praticar o exercício de escrever e ainda fico em contato com os amigos, além de ser mais funcional.

Este ano, tive que mudar de blog. Pela falta de tempo, passei a escrever menos e a me cobrar mais ainda, no exercício de escrever.
E eu passei num curso de letras. Isso faz com que eu me cobre ainda mais, mas me deu uma certa auto-estima, fiquei com mais vontade de experimentar outras coisas no campo escrito.
Comecei a fazer um diário de bordo com impressões sobre o mundo universitário e logo parei.
Mas comecei a escrever mais aqui no meu blog e ando gostando disso.

Bom, na verdade escrevi tudo isso, porque resolvi que quero ter um diário novo. E já tenho folhas para fazê-lo e tudo.
Senti falta de um suporte (Ah, Maingueneau, olha você aqui) para uma escrita privada.
Este blog tornou-se pequeno para abrigar todas as minhas inquietações, preciso de outros espaços também.

ok, preciso de um diário. Era só isso que eu queria dizer.

Grata.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

pratododia

Eu fiquei com o resto.
Peguei tudo o que sobrou naquele prato, guardei num “tapauér” e coloquei na geladeira numa esperança de que o frio fizesse sumir todos aqueles micróbios. Depois de um tempo, abri a geladeira e despejei o resto no prato.
Eu não sabia que estavam distribuindo resto de comida por aí. De qualquer forma, eu cheguei tarde. Tarde para ganhar o prato de comida que eu havia escolhido. Cheguei algum tempo depois, sabe?
E por isso sobrou-me apenas o resto. O resto arrumado no prato, de um jeito bem diferente da qual eu gosto de comer.
Mas não importa. Eu misturo denovo com a colher até perder a forma e como mesmo assim, sentadinha naquele degrau.
Meu estômago sente-se preenchido.
Mesmo que eu esteja comendo o que sobrou.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eis uma explicação.

Vocês tem razão, todos vocês, eu sou sozinha mesmo. Faz parte da minha personalidade, faz parte do jeito que eu aprendi a ser.
Eu sou legal sim, tenho uma capacidade bacana em fazer amigos. Sei me fazer comunicativa, consigo participar de qualquer rolê quando estou de bom humor.
Mas isso aconteceu agora. Eu sempre fui seletiva e preferia ficar sozinha a ter que tentar me comunicar com pessoas que eu achava que não tinha a ver.
E, infelizmente, eu sempre estive em lugares, cheio de pessoas que não tem nada a ver.

Mas eu já sabia ser sozinha antes de perceber que sempre estive em lugares cheio de pessoas nada a ver.
Eu nunca tive irmãos, com quem brincar. Minha interação com outras crianças, dependia dos meus primos.
E eu tenho muitos primos, mesmo. Mas nem sempre o fio condutor foi a chamada afinidade.
Muitas vezes o que me conduzia era um pensamento que guardo pra mim até hoje "é o que tem pra hoje".
Hoje em dia repenso essa questão dos primos e parece que não dava pra ser diferente, não. Não tinha muita escolha.
Os primos e primas que tenho mais afinidade são mais velhos do que eu ou muito mais novos. Então, não dava pra brincar direito.
E essa coisa de primo (ainda mais com primos da sua idade) sempre parece uma coisa meio forçada, né?

Como eu disse, sempre estive em lugares com um monte de gente nada a ver comigo. Tenho a impressão que este fator é decorrente do lugar onde eu moro, mas ainda não formulei bem a tese.
Mas sempre consegui escolher e achar amigos, as pessoas podem ser receptivas e legais, independete de gostar das mesmas coisas que eu.

Mas com essa de ser seletiva fui aprendendo a ser sozinha. Eu adoro pessoas, mas eu adoro pessoas escolhidas e não aleatórias.
Desde criança eu sei ser sozinha. Faz parte da minha personalidade.
Passei muitas tardes de fim de semana brincando sozinha enquanto o meu pai assistia o jogo com algum primo na sala e a minha mãe dormia depois do almoço.
Minha questão sempre foi: Por que não podemos sair nós três e fazer alguma coisa?
Eu sempre quis isso e isso só teve recorrentemente, tempos depois quando eu me dei conta que eu apreciava a cultura e a intelectualidade e passei a conhecer lugares mais longes.
Percebi isso por um comentário da minha mãe no dia das crianças "Por que invés dos pais levarem os filhos no shopping, não levam no ibirapuera?".
Ué, eles devem ter os motivos deles ué. Humpf, no meu dia das crianças, nem shopping tinha. Eu brincava sozinha com o meu brinquedo novo em casa mesmo.
O ibirapuera eu só conheci aos 12 anos com a escola e olha que eu sabia da existência desse lugar e vivia pedindo pra conhecer.

Eu fui aprendendo a ser sozinha. Eu brinquei muito sozinha, eu conheci muitos lugares sozinha.
Além disso, eu moro na casa que os meus pais escolheram e receber as minhas visitas aqui, nunca foi o forte deles.
Quero dizer, de qualquer forma, aqui, estou submetida a milhares de escolhas deles.
E claro isso aumenta a solidão, essa é uma das minhas maiores reclamações daqui.
Não gosto daqui. Mas por outro lado, nunca deu pra ser menos pior, também.
Eu nunca tive um cachorro, por exemplo. E eu não posso encher a geladeira de breja e chamar todos os meus amigos pra ficar aqui um pouco.

Por tudo que eu citei acima, eu consigo perceber que sempre senti muitos vazios e por isso, fui aprendendo a conviver com esses vazios.
E hoje esses vazios parecem enormes, as vezes eu mesma consigo tapá-los e as vezes alguém vem e tapa.
Mas nem sempre consigo perceber quando um vazio deixa de existir. E me sinto constantemente sozinha.

Mas eu tenho chamado a minha solidão de aprendizado e uso pra alguma coisa, eu tenho usado a solidão para escrever.
E esse foi o caminho onde eu me encontrei melhor e onde eu gosto mais dos meus textos.

Agora vou revisar meu artigo sobre a música dos Mamonas Assassinas.

Até breve.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Antes tarde do que nunca.

Bom, como já é do conhecimento de todos, só gosto de gostar dos rapazes mais interessantes (ok, alguns eu finjo gostar por questões de interesses afetivos e sexuais).
Claro que para ser interessante, o cara tem que ter, viu, bem? TEM QUE TER! algum talento.

Meu maior orgulho é saber que tenho muitos amigos talentosos.

E por isso, quero recomendar este blog aqui:

www.tirasnao.blogspot.com

O Thales é quadrinista, escreve e desenha bem pra caralho. E porra, tenho que recomendar o trampo dele aqui, porra.

Ah, só queria lembrar que nesse fim de semana, vai rolar o 17 Fest Comix! Sabe? Aquele puta evento de quadrinhos, que tu deixa todo seu salário/mesada e fica sem dinheiro pra comer depois?
Pois é.

Ah sim, o Thales estará lá também (inclusive, o conheci na Fest Comix do ano passado) na parte dos quadrinhos autorais, no stand da Editora Crás.
A editora Crás é uma editora independente e tem uns trabalhos muito maneiros por lá, recomendo também.

Agora você já tem um blog legal para visitar e um programa pra gastar seu dinheiro no final de semana.

domingo, 10 de outubro de 2010

Eu dialogo com maiores abandonados.

Eu te dei aquele copo com água. E você pediu para entrar e eu deixei.
E você tá aqui, aqui dentro. Então por que você simplesmente, não fica a vontade e senta no sofá e dá risada com um dos meus filmes bobos?
Eu divido os meus livros com você, eu divido as minhas jujubas que eu guardo no copinho, eu divido até o meu chocolate branco com cookies.
Eu divido tudo.
Eu tiro as minhas coisas da lareira e acendo o fogo e tudo pode ficar quente e doce numa noite de frio.
Eu nunca acendo a lareira. Mas dessa vez posso acender, mas só porque é você, acredite.
Eu nem sei porque construí uma casa com lareira, nunca tem ninguém pra ver o fogo queimando.
O fogo sempre queima tudo que passou. Mas sabe, eu sempre fui água, também. Tudo fica por aqui mesmo.
Porque água é cachoeira e toda água tem que descer do topo até cair no chão e misturar com outras águas e correr, correr e passar.
Minhas caixas com lembranças e minhas gazes sujas de tanto limpar feridas ficam por aqui o tempo todo, mas eu encosto tudo pelos cantos da casa.
Fica um espaço grande no meio do quarto, assim. Assim porque sempre tem que ter espaço pro novo. E eu não tenho medo do novo, mesmo que o novo seja desconhecido.
Eu tenho medo é de tudo que eu conheço e já vi.
Larga essa faca, cara. Tu não quer fazer isso, eu sei. Vai doer mais em você do que em mim, eu sei.
A porta tá aberta, tu pode ir embora e eu não conto pra ninguém, não te denuncio pra polícia.
Larga essa faca, eu aposto que tu não quer rasgar o meu coração.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dia das bruxas

Travessuras e (ou) gostosuras é o meu lema. Não ligo de bater em sua porta e pedir um doce.
Porque sei que é fase, normal, uma hora passa, porque tudo passa.
Uma hora eu canso de bater em sua porta e pedir um sorriso, fazer uma gracinha com uma fantasia escura só pra ganhar um doce.
Numas de adoçar a boca, numas de sentir o doce sabor do doce que tu coloca em minhas mãos.
Encha meu pote com doces, alegrias e sorrisos.
E eu esqueço que eu consigo ser uma garotinha malvada se eu quiser.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Guardei em minhas malas cada lembrança, cada sorriso, cada palavra doce.
Todas as coisas que outrora foram jogadas pelo chão.
Tudo que já havia sumido de você, antes que eu decidisse partir.
Tinha o dinheiro para o pão com o ovo mais o bilhete do trem.
Me perdi.
Vinte anos depois eu tentei me achar.
E lá estava eu.
Tudo de mim.
Toda a minha vida guardada dentro de uma mala, durante esse tempo todo.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Eu segurei em sua mão e disse:

- Vem! Vem, não vai doer nada, eu prometo!

Sei que a cada nova cicatriz, fico mais resistente, porque cria uma casquinha que protege. Torna-se difícil machucar mais de uma vez no mesmo lugar.
Mas ainda assim, me sinto fraca. Fraca porque eu não consigo esquecer. Eu tenho medo de cair de novo.
Com o tempo a gente esquece os machucados e vai perdendo o medo de se machucar denovo. Quando não tem casquinha pra arrancar, é que ainda não deu o tempo pra esquecer.
A gente lembra da sensação de dor. A gente toma um choque e fica com medo de subir o interruptor com a mão molhada denovo. Porque a gente lembra daquela dor, ocasionada pela troca de elétrons.
Mas depois a gente esquece e mexe com eletricidade denovo. Sem medo, sem lembrar que pode tomar um choque. É assim mesmo.
Me derrubaram, eu cai e fiquei por um tempo ali, sentindo o sol bater nos novos cortes que eu ganhei ao rolar pelo chão morro abaixo.
Doeu, doeu pra porra. Senti o sereno que veio depois batendo na cara e resolvi me levantar, enxugando as lágrimas na camiseta pra ninguém ver.
Cobrindo meus novos cortes com uma jaqueta preta velha, pra ninguém tentar passar metiolate. Eu não preciso de metiolate. Metiolate é só um jeito de fazer a ferida arder.
É só um jeito de arder de um jeito doce, com cara de carinho de mãe. Não sei se as minhas feridas precisam ser limpas por terceiros, cobertas com metiolate.
Já aprendi a limpar as minhas feridas sozinha. Alcanço a caixa de metiolate sozinha, se eu quiser. Foram vários machucados, uma hora a gente aprende.
Eu tapo com bandaid e tento fingir que elas não existem. Mas não adianta, elas ardem mesmo assim. Mesmo com o Metiolate, mesmo com o Bandaid.
Uma hora essa ferida fecha. Enquanto isso, ao tomar banho, choro debaixo do chuveiro porque a água quente também faz arder.
E tudo faz arder, acredite em mim. A saudade faz arder, a falta faz arder, o vácuo faz arder.
Meus machucados só ardem pra eu tomar mais cuidado da próxima vez. Pra cada vez que eu subir um morro, eu lembrar que eu posso cair.
É aquela sensação, que dá o medo de se machucar denovo. Meus machucados são ainda cortes e não cicatrizes com casquinhas para eu arrancar e jogar longe.
Por isso ele arde, dói e dá medo.
Quando criança minha mãe jogava mercurio em todos os meus machucados. Ouvi dizer que dá câncer. Sei lá. Paramos com o mercurio por aqui.
Mágoa também dá câncer. Por isso, tento me livrar das mágoas também, no mesmo saco de lixo que jogo os tubinhos de mercúrio.
Mercurio não arde, é o que ela dizia.
Só porque não arde, não quer dizer que cura, então tudo bem se arder, uma hora sara, quando casar sara, é o que dizem, pois vai ver que é isso mesmo.
Quando eu casar, sara.

sábado, 18 de setembro de 2010

Eu não vou chorar.

Eu desenho um palhaço porque eu procuro sorrisos.
Eu tenho procurado um sorriso aqui dentro
Eu tenho procurado um desmotivo para sorrir
Porque motivos eu já tenho
Todo o dia o sol acorda, e todo dia é mais um dia
Todo dia o vento sopra e todo dia eu recebo um carinho
Todo dia tem o seu sorriso
E quando não tem, eu olho pro desenho do palhaço
Porque enquanto tiver um palhaço, tem uma esperança
E se tiver uma esperança, tem eu
O eu que só queria um você.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Júnior

Você é só uma criança.
Te levei pra passear e voltei suja de leite. Eu disse pra tu não brincar com a mamadeira assim, filho!
Eu te disse e tu não escutou.
Agora o que eu faço com você?
Como saio daqui assim?
Sabe, as pessoas olham, as pessoas questionam.
Mas eu sou tua mãe, não posso apontar o dedo pra tua cara e falar: Foi você! A culpa é toda sua, seu moleque mal criado.
Pois é né? Por que eu faria isso? Foi eu mesma que te criei, filho. Se tu tá mal criado, eu que errei na condução.
Há algum tempo eu diria que foi falta de tapa na bunda, nem foi!
Fiquei sabendo que você anda aprontando todas na escola, meu deus, eu criei um monstro! olha filho...isso não é legal!
Lembra do que a gente conversou? Lembra do nosso combinado? Eu acho que eu fui muito clara com relação ao dia do brinquedo:
"As algemas é só para você brincar com as seus amiguinhos e amiguinhas apenas em casa". Qual parte do apenas em casa você não entendeu?
Agora terei que ir lá na escola, pedir as algemas de volta pra coordenadora.
Puta que pariu, filho. Não dá uma dessa com a mãe, né! A mãe te ama, poxa!
Você quer que pensem o que da tua mãe?
E esses não são os seus quadrinhos! Estes são os quadrinhos meus e do seu pai! Como você os achou?
Ai, filho....você tá numa idade tão difícil viu! Filho, pelo amor de deus....A CEGONHA NÂO EXISTE!
Seu pai e eu fizemos você, sacou? ou tu acha que nasceu bonito assim por acaso? É uma questão de encaixe perfeito de dois corpos nus, um dia você vai entender!
Sim, filho, corpos celestes. É isso aí. E não vem com essa de não pediu pra nascer. Não queria nascer? então como você ganhou na corrida até o óvulo?
Ah, tá sem argumentos? ahhhh, vixe, vixe, vixe, a mamãe ganhou denovo. Tô falando filho, tua mãe tem a malandragem de Aquiles. Olha, sobre a malandragem de Aquiles, é melhor você perguntar pro teu pai quando ele chegar.
Alias, vou falar pra ele buscar as suas algemas também. Ele é muito mais sociável do que eu, afinal de contas.
Teu pai já vem. Ele desceu pra comprar cerveja. Vamos comemorar a música nova que tu aprendeu a tocar.
E ó...vamos combinar uma coisa. Tu só vai mostrar esse boletim pro teu pai amanhã, tá bom? E antes disso, tu dá pra ele aquele desenho bacana do dragão verde com um palhaço montado em cima.
Você sabe como o seu pai é chatinho com essas coisas de nota e boletim. Ele vai falar um daqueles "tua mãe resolve" e aí eu vou fazer o que? Pegar de volta seu telescópio só porque você zerou em matemática?
Essas coisas acontecem, meu filho. Essas coisas acontecem mesmo, mas nunca haverá um motivo pra que eu desista de você.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Novidade

Oi amigos!

Pensando nessa história de escrever, resolvi fazer um blog pra juntar todos os meus textos que eu gosto mais.
Assim, posso mostrar pra todo mundo.

Eu sei, este blog é público, é pra todo mundo também. Mas confesso, que aqui, sou meio descuidada.
Nem sempre reviso meus textos, nem sempre estou preocupada se estou escrevendo algo legal ou não.
Meu Copo de ácido, é um lugar para expurgar a emoção mesmo. Aqui é tudo muito pessoal e cotidiano.
Sim, é quase um diário, sempre foi essa a idéia. Aqui é o meu lugar de experimentação com o ato de escrever.
E vocês fazem parte disso, é claro.

Eu só precisava de um veículo mais "limpinho" para mostrar meus textos para as pessoas. E por isso, resolvi fazer um outro blog

Para vocês, creio que não haverá nenhuma novidade por lá, a não ser quando eu começar a remexer nos meus textos mais antigos. Publicarei lá e não aqui. ok, eu aviso quando isso acontecer.
Mas, se vocês quiserem brincar de escolinha, vocês podem entrar lá e dar a opinião de vocês, criticar, sugerir, enfim. Tipo, professor que lê a redação do aluno e depois fala algo sobre, sabe? A opinião dos amigos e das pessoas com critério, tipo vocês, é sempre bem vinda!

Obviamente, não deixarei de escrever aqui. É claro.
Aqui eu trabalho livremente com o descompromisso.

O endereço do outro blog é:

www.deliriosdebolso.blogspot.com

Ótimo fim de feriado pra vocês, meu povo.

beijos

Foi o sol batendo na cara.

Não era putaria não, minha senhora. Era só uma troca de carinho.
Você tem que me compreender. Paixão é uma coisa assim, tipo louca.
Paixão vem e vai embora rápido, então a gente vai tipo assim, até o talo.
Tipo assim, eu tou aqui e você tá aqui, então tipo assim, tudo bem estarmos aí

É tipo isso mesmo que você pensou
é isso mesmo que eu pensei
é isso aí que nós pensamos

tipo loucos
tipo insanos

você chegou e nos juntamos

e eu fiquei me perguntando

vergonha, para quê?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

a mayra roubou pão na casa do joão

Quando vou para a faculdade no período vespertino, sinto-me constantemente indo para um passeio da escola. Sabe passeio de escola? Sabe quando você não conseguia dormir e mesmo assim conseguia acordar cedinho para o passeio? Minha mãe dizia “em dia de passeio você não dá trabalho para levantar, né?” E mochila com lanche? Sabe lanche no ônibus? Sabe amigos? Sabe crianças felizes cantando felizes uma música da época? Acho que você sabe sim. As músicas continuam as mesmas, sabe. Só as crianças que mudaram. Meu senhor...como eu mudei, sabe. Parece que os ônibus ficaram menores, mas sei que fui eu que cresci. Nem que as tias queiram, não dá mais para espremer três passageiros num mesmo banco. Eu odiava ir na janela. E hoje eu gosto das janelas. E ao olhar através delas, parece que não, mas sinto falta de toda essa simplicidade das coisas, sorrisos e risadas.
Contemplei como quem abre uma janelinha na memória, aquele momento, a garota estava fazendo aniversário e todos estavam sorrindo, o vento e o sol entravam pela janela e tinha um bolo e um guaraná, como na música de aniversário da Xuxa, sabe? E tinha até essa música da Xuxa também e eu me permiti esquecer que uma hora os passeios acabam e eu tenho que voltar pra casa.



Essa foto alguém tirou com a primeira câmera que tive – ganhei do tio Jair – num passeio durante a 8ªsérie. Não sei como eu tinha coragem de usar o cabelo neste tamanho. No mínimo eu achava que usar boné para trás disfarçava minha falta de corte.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pão com ovo

Adentrei o seleiro “Acabou a comida” foi o que eu pensei. Onde estará o Chileno das empanadas agora? Calculei mentalmente quanto de dinheiro poderia ter ainda em minha carteira e fui atrás de algo para encher a barriga. A grande surpresa gastronômica que descobri do lado de fora, foi algo maravilhosamente compatível com o meu bolso: Pão com ovo no preço de 1,50. Per-fei-to. Sentei defronte a sala de aula. Daqui posso ouvir o meu professor preferido falando sobre contos. Coisa que eu saberei logo mais. Me divirto escutando as pausas e o sotaque alemão do meu professor, agora, quase familiar depois de um semestre. É muita poesia ter um professor alemão, sabe? Com o tempo a gente se acostuma. Sentada ali naqueles degraus cheguei por um momento a me sentir menos sozinha. E assim continuei somente com essa sensação de "menos sozinha". Sempre odiei fazer as minhas refeições sozinha. Acho que o meu fim sempre foi brigar com a minha mãe durante o almoço e o jantar e ter que subir com a comida pro quarto. Um cachorro amarelo e peludo sentou-se ao meu lado e desprezou o pedaço do meu pão eu lhe ofertei. Mas gostou do ovo frito. E daí que eu só paguei 1,50? O gosto estava bom do mesmo jeito. E o chocolate derretido em minha mochila que eu comeria de sobremesa dali a pouco também, também deveria estar bom mesmo assim. Olhei ao meu redor e me senti feliz. É isso que tem pra hoje. E eu sorri ao constatar isso.

sábado, 28 de agosto de 2010

Procuro por sorrisos.

Se a tua vida tá uma merda
Desenhe um palhaço
Se a aula tá chata
Desenhe um palhaço

Se você não tá afim
Desenhe um palhaço
Se a aula é de inglês
Desenhe um palhaço

Se você está só
Desenhe um palhaço
Se você chegou atrasada e teus amigos não guardaram lugar
Desenhe um palhaço

Se você está cansada
Desenhe um palhaço
Se você quer morrer
Desenhe um palhaço

Não importa o que aconteça
Desenhe um palhaço
Desenhe um palhaço se você não consegue sorrir

Fiquei imaginando
quantos palhaços já desenhei até aqui



quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dia novo.

Em primeiro lugar, como eu consegui esquecer o meu caderno? Hoje é dia de estudar e o meu caderno simplesmente deveria estar aqui. Mas eu o deixei em casa. Sozinho. Acho que este só não é um grande motivo de irritação porque de qualquer forma sempre carrego folhas comigo caso eu precise escrever alguma coisa. Nunca cabem todas as minhas idéias em minhas mãos que permanecem sempre esboçadas de algum escrito. Perdi o busão. Minha vida está organizada por metáforas assim. Perder o busão, quem sabe até passar do ponto? Esperar o Jd. Angélica debaixo do sol respirando a avenida do Estado também não pode ser um motivo de irritação, isso eu decidi hoje. O inverno deve ter ido embora. Estou esperando o Jd. Angélica porque o tio da perua passou e lá eu não me encontrava. Eu estava comendo o tikenitos que aquela garota me ofereceu, ela disse “toma seu café lá dentro comigo enquanto eu almoço, vai?” e lá se foi outro busão. Tudo bem, depois de perguntar muito onde era mesmo aquele ponto, o achei. Aqui estou eu. E tudo bem, consegui sentar no último banco da fileira da direita ao lado da janela. Hoje não tem ninguém para ler um texto escrito por mim ou me abraçar. Pra falar a verdade, quase nunca tem ninguém sentado no banco ao lado. Só a garota dormindo aqui. Sei que estudamos no mesmo lugar. Com o tempo tu aprende a reconhecer pessoas, lugares e sensações. Don't Worry, Be Happy é música que está tocando agora. Todo mundo sempre me pergunta porque prefiro vir de trem do que pegar o busão. Nunca sei o que responder. Mas sempre digo que é por causa da passagem. Mentira. É que o ônibus vem pela Dutra e pula muito. É horrível para escrever.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Só pra constar

Amigo não é aquele que te reprime quando você derruba a cerveja.
Amigo é aquele cara que sabe exatamente onde encontrar um pano de chão para te ajudar a limpar a cerveja derrubada.

Histórias de avó: A nova série.

É a nova série do meu blog, que está dentro da série que a Marina inventou que chama "Coisas que só acontecem com a Mayra".
Porque ter uma avó assim, gente....é uma castigo muito específico. Não sei se estou sendo castigada por alguma malcriação ou se o castigo veio pra minha mãe e sou obrigada a pagar por ser filha.
O caso é que o grande problema da minha vida, é morar nessa merda de lugar. E como se não fosse ruim já, morar num bairro longe do metrô que não tem nada a ver comigo, cheio de pessoas - meu tio deu a melhor definição - intelectualmente limitadas, ainda moro na casa de trás.
Sabe o que isso quer dizer? Quer dizer que daqui não da pra ver a rua. Cada vez que eu quero sair daqui sou obrigada a passar pela senhora esquizofrenica que por convenção acostumei-me a chamar de vó.
É insuportável, sabe? Mas é claro. Pra quem não está dentro da situação, não parece tão ruim. Parece que eu sou uma garota que maltrata os pobres velhinhos.
Ok, pensem o que quiserem. Afinal de contas, vocês nunca poderão vir aqui e comprovar pessoalmente de que tipo de inferno eu estou falando, sabe, além de tudo não posso trazer ninguém aqui, neste lugar que por convenção, eu chamo de casa.

Bom, nessa nova série do blog Copo de ácido, contarei episódios da senhora esquizofrenica. E acredite, sempre tem um episódio novo.

Enfim. Queria começar pelo episódio de hoje:

Quem me conhece um pouco, sabe o quanto eu odeio pêlos. Oras, me irrita ficar com pêlos pelo corpo, simplismente.
Não, nos outros não me incomoda. É isso aí rapazes, não precisam se depilar se vocês não quiserem. Não vou odiar os pêlos de vocês, afinal de contas, eu já tenho os meus próprios pêlos para odiar, não é mesmo?

O caso é que os pêlos da minha sobrancelha já estavam grandes. E sobrancelha é o único lugar que é realmente impossível de depilar com qualquer pessoa ou se auto depilar.
Porque exige muita técnica e se você errar, fodeu. Fode todo teu rosto. Claro que quando os meus pêlos crescem, visito a minha depiladora.
Há algum tempo que eu frequento depiladoras. Cera quente é uma invenção incrível, juro.
Depois que a minha depiladora oficial e canceriana morreu, com o tempo, fui aprendendo a me depilar com cera sozinha.
Mas sobrancelha....só com ajuda de um profissional. ahahaha

E hoje é segunda, pra começar a semana bem, resolvi tirar esses pêlos. Fui cedo na depiladora porque eu tenho uma caralhada de lição pra fazer.
Ao passar pelo portão, a querida senhora esquizofrenica perguntou aonde eu estava indo (como se eu fosse uma criança retardada de 5 anos) e eu disse que estava indo na depiladora.
Por que eu disse isso? Oras, eu sou refém de uma grande situação na qual meus pais me enfiaram, não é mesmo?
Aqui é assim, se eu não andar na linha, a minha avó enche o saco o dia inteiro. Juro, grita o dia inteiro, liga o dia inteiro...isso ela faz sempre.
Mas quando eu não faço o que ela acha certo, ela faz tudo isso em mais vezes por minuto, num volume mais alto.
E hoje eu pretendia ficar aqui (já vi que será impossível) até a hora da faculdade, pra estudar e fazer minhas lições. E pra isso eu preciso de silêncio e sossego.
Numa tentativa de obter um pouco disso que a gente acha que todo pobre ser humano tem direito eu disse aonde eu estava indo.

Saí e voltei. Tirei os pêlos, missão concluída com êxito. Tudo daria certo então.

Ao passar pelo portão, ela me disse:

- Que tanto você se depila?

- Eu odeio pêlos.

E aí, ela já começou a semana lançando a grande pérola:

- Sabia que depois de um tempo depilar dá câncer?


Visto que semana passada consegui depilar até a minha virilha sozinha e essa semana pretendo aprender a depilação íntima completa + nádegas....

É bom já ir pensando quais perucas combinam mais comigo.

#Ervil


sábado, 21 de agosto de 2010

Decifra-me e aí eu te devoro.

"Eu iria pro Egito com você" e essa foi uma de suas grandes frases mágicas.
"É sério?" e ele disse "Sim, quem sabe um dia?" e havia reticências nesse um dia, sabe? Aquelas reticências.
Dessa vez eu não acreditei. Eu só fingi que estava acreditando. Sabe como é, pra não doer depois.
E ele perguntou "Por que você gosta do Egito?". Ora essa. Mas este é um sonho tão antigo. Não lembro porque eu sempre gostei do Egito.
Eu sempre achei a imagem das pirâmides e da esfinge uma coisa linda e acho tão bonito aquele céu azul, contrastando com o laranja das pedras.
E tudo...devo ter visto em episódios do Chapolin Colorado. Adoro olhar no espelho e fingir que meu cabelo parece com o da Cleópatra.
E adoro dizer que eu transaria em uma pirâmide. E sabe....há algum tempo que eu quero muito uma esfinge de pelúcia!
O Newton falou que esfinge de pelúcia é como a bola quadrada do kiko. O brinquedo que ele inventou.
E eu havia inventado. Tinha um outro grande motivo para ir para o Egito. Vou para o Egito buscar minha esnfinge de pelúcia!
Houve uma época em que esfinges de pelúcia existiram e outras coisas existiram, mas não existem mais, eu acho. Quer dizer, é o que parece.
Tu sabes que esfingiários são mariposas que em sua fase de larva, parecem esfinges? Interessante né? Essa eu descobri no dicionário.
Mas acho que tem coisas que nem o dicionário é capaz de explicar. Tem coisas que não receberam nomes, coisas desconhecidas, portanto.
Tem dias em que eu me sinto meio esfinge. Um monte de pedra tentando ganhar feições. Um ser travado, preso ao chão, sem capacidade de grandes movimentos.
Meu corpo queima sob o sol de um céu que há algum tempo não manda chuva.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Oi, né...

Sei que o meu blog está meio abandonado. Não é falta de vontade de escrever ou falta de inspiração, aliás, quanto a isso, estou no meu melhor momento.
Eu é que não ando mais sentando tanto em frente ao computador para escrever. Sentar em frente ao computador quer dizer ficar aqui em casa.
É triste, mas eu percebi que não posso ficar aqui, ou vou morrer de depressão. Este lugar me faz mal e o jeito que eu achei de me sentir menos mal, é passar todo o tempo que eu puder fora de casa.
Eu não aguento mais a senhora esquizofrenica que grita o tempo todo e liga o tempo todo. Eu só quero um pouco de paz e aqui definitivamente não a tenho.
Tenho ido para a faculdade mais cedo nesses dias. E aquelas horas que fico dentro do trem lotado de gente sem educação são menos piores do que as horas em que eu busco sossego por aqui.
Eu desisto. Eu ja tentei mudar minhas atitudes na esperança de mudar as atitudes alheias mas não dá. Eu estou falando de mais três pessoas que dividem o quintal comigo. É impossível, eles nunca vão mudar.
Não tem como consertar os erros, depois de um tempo as pessoas não mudam, não adianta.
Por isso, durante as tardes, tenho tentado sempre ficar fora de casa. Essa semana terei que mudar de estratégia, porque não tenho dinheiro pra ficar indo mais cedo pra faculdade todos os dias.
E eu estou procurando um emprego. Acho que várias coisas vão mudar quando eu tiver conseguido um.
Preciso muito de um emprego. Mas é o primeiro emprego, sabe como é.

Já que isso é um post tipo diário....queria falar que tá tudo legal na faculdade.
Só a aula de literatura brasileira que é uma merda. Mas agora tenho inglês e tô fodida, não consigo me comunicar bem em outro idioma.
E agora tem grego também, difícil, mas divertido. Eu adoro o curso que eu faço e eu adoro a faculdade também.
Minha vida tá muito melhor depois disso.

E o teatro também está muito bem. De sábado apresentamos o "Menina de Louça" e de domingo ensaiamos o "Primavera".
O teatro me faz muito bem e o meu grupo me faz melhor ainda. Eu amo as pessoas que eu escolhi para dividir a minha arte.

E por falar em pessoas que eu escolhi, tem o Designer como bônus no final de semana.
Não sei ainda se é uma promoção ou sei lá o que. Mas eu o acho muito interessante e ele está no meu top 10.
Esse aí bem que podia ficar por mais alguns capítulos na minha história...bom, vamos ver até onde conseguiremos ir...

Ah, uma última coisa....fiz um blog para republicar os textos que escrevi e gosto mais. Depois eu passo.
Um blog menos "diário", sabe? Pra mostrar mesmo. Bom, se você estiver lendo isso aqui e por ventura lembrar de algum texto que seria legal republicar, me deixe um recado em qualquer canto.

E agora reparei. Faz um tempo que não me dirijo diretamente aos meus leitores. Tô quebrando a quarta parede agora. ahahaha

Tchau...

e beijo doces e gostosos pra todo mundo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O vento bateu na cara enquanto eu disfarçava meus olhos vermelhos.

Subimos até o topo e lá em cima nos abraçamos e combinamos que ia ficar tudo bem.
Eu disse combinamos na linha anterior, só pra ficar mais bonito e menos triste, porque eu combinei sozinha, por mais que a sua cabeça se movimentasse como quem dissesse um sim.
Eu tentei não chorar, eu tentei não deixar que a saudade corroesse todo o meu corpo frágil e quase nu. E eu me sentia tão nua, tão exposta, tão aberta.
Olhamos as estrelas lá de cima e acreditamos que um dia todas elas seriam nossas. Cada uma delas, a azul, a preta, a amarela e até aquela ali, que parecia tão difícil de ser alcançada.
Mas tu me empurraste lá de cima e eu caí rolando até o chão, esfolando a cara nos cascalhos encontrados pelo caminho.
Tu foste embora enquanto eu tomava sereno. E naquele dia eu passei frio, sozinha e jogada eu passei muito frio.
Desde então meu corpo está dolorido e eu estou toda travada novamente, as minhas costas doem, se dói, doem sim.
Mas eu juro que o meu coração dói mais. Mas esse provavelmente você não quer saber.

Mãozinha que aperta meu dedo.

E eu aprendi a receber o Caos. Ele é uma criança marota. Pego o caos no colo e aceito que tenho que levá-lo comigo.
Seria mais fácil deixá-lo em casa e andar sozinha. Fingir que não o tenho, fingir que não o fiz.
Mas eu o fiz e lembro desse dia, foram algumas fortes estancadas pouco abaixo do meu ventre, alguns carinhos, sorrisos e palavras doces.
E aqui está ele, é um filho. É um filho que não me deixa dormir. Pede cuidado e atenção o tempo todo.
E se eu não cuidar, ele crescerá e se tornará um homem mau, capaz de fazer uma pessoa durona chorar.
Por isso tenho que aceitá-lo e cuidar dele, o mundo já está cheio de homens maus e eu não quero formar mais um.
Se eu não cuidar...não tem ninguém. Não tem ninguém para registrá-lo, aceitá-lo e faze-lo melhor, não tem ninguém que tente educá-lo e faze-lo menos pior do que já é.
Não há disposição para cuidar de um filho nascido por acidente. E agora acredito que foi um acidente mesmo.
Um terrível acidente quando eu me encontrava sozinha no lugar errado e na hora errada ao tentar comer uma banana. E olha que eu ainda tomei o cuidado para não soltar a casca por aí, com medo de alguém escorregar.
Mas não foi um acidente. Algumas coisas não acontecem por acidente por mais que eu me esforce para acreditar que sim.
Ter um filho é tirar um pedaço de si, mas isso não me tornou mais fria, menos sensível.
Tentei fazer-me mais dura, mais seca. É necessário que alguém tenha maturidade para cuidar deste filho, mesmo que a idéia tenha sido só construir.
Nem pensamos em quebrar tudo e jogar o resto por aí. Mas ficou o resto, porque de tudo fica um pouco.
Ficou o resto e eu faço parte deste resto. Eu me sinto o resto, eu me sinto a parte que sobrou.
Mas ainda tem o Caos e é preciso cuidar dele. Podia parecer que sim, mas eu não fiz este filho sozinha, embora a responsabilidade de cuidar tenha vindo inteiramente para mim por falta de opção e excesso de omissão.
Vejo-me transpirando ao trocar as fraldas, porém, não posso enxugar meu rosto porque estou limpando toda a bosta.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Alguma coisa sobre aprendizado.

Parecia que ia dar certo.
A primeira palavra que eu aprendi a falar em inglês foi "Cat". E depois minha mãe me ensinou "Dog" e "Bird". Depois aprendi as cores.
Parecia mesmo que ia dar certo. Na escolinha, os pais pagavam o inglês a parte. E eu fazia. Foi naquela sala lá de cima, que assistimos "Jennie é um gênio" em inglês e foi lá também que eu aprendi a falar Kitchen e outras partes de uma house.
No dia das mães, cantamos only you e era tudo tão bonito! Tinha a teacher Flávia e eu a adorava, todo dia levava pra ela, bombons. Parecia mesmo que continuaria dando certo.
O mascote do livro de inglês era um caramujo e vinha com uma fita k7 que eu adorava escutar, tinha várias músicas infantis e inglês, tinha até os indiozinhos e o brother John.
Quando eu passei para a 1ªsérie, o mundo parecia caber dentro daquela escola e era tudo muito assustador, inclusive a professora de inglês.
O livro era verde e com ele aprendi a falar mon, dad, morning, night. Na 2ªsérie, uma das minhas professoras da escolinha voltou e o inglês continuou legal até a 4ªsérie, quando trocaram a professora e colocaram alguém muito chata no lugar. Tive muitos problemas com essa professora. Na 5ª série, novamente pareceu que ia dar certo. Tínhamos uma professora linda que ensinava muito bem e trocava figurinhas do Harry Potter comigo.
Saiu no final do ano e o inglês voltou a ser um saco, porque aquela professora gordinha sem auto estima da 4ªsérie voltou.
Na 7ªsérie, percebi que o inglês da escola definitivamente, não me levaria a lugar algum e entrei no cna. Fiz um módulo e gostei.
No segundo módulo aquelas patricinhas começaram a me irritar e a professora também, coincidentemente essa professora do segundo módulo, também era uma gordinha sem auto estima.
Meu pai já estava reclamando de ter que pagar a dança, o inglês e a escola e advinha o que eu escolhi cortar? O inglês é claro. Eu estava detestando ir para o inglês, aquele inglês.
O inglês da escola continuou sendo uma bosta bem como o resto da escola e aí, fui eliminando essa parte de mim.
Acabei a escola e o inglês não era a minha única frustração na vida. As coisas que saí sem entender da escola, tive noção no cursinho.
E percebi que era melhor eu saber inglês de qualquer jeito. A todo o momento aparece algum babaca pra jogar na tua cara que tu não sabe falar inglês.
Decidi voltar a fazer inglês pra passar numa faculdade decente. Matriculei-me denovo no CNA. Mas...eu passei numa faculdade decente antes de começar o inglês.
E a habilitação que eu escolhi foi....inglês. Parecia muita prepotência da minha parte escolher outra habilitação se, não sei nem mesmo o inglês, que eu acho tão simples e básico.
Eu estava feliz no cna, mas percebi que eu conseguia avançar mais rápido que a turma. E a idéia de já começar a habilitação nesse semestre começou a me atormentar.
Depois de dois meses, troquei para a pbf porque lá tem um sistema que tem mais a ver comigo neste momento: O aluno avança conforme seu próprio rendimento. E assim, posso aprender de forma mais individual e rápida.
Tenho gostado muito do inglês agora.
Ontem foi um dia importante. Ontem foi minha primeira aula de habilitação em inglês na faculdade. E eu queria que tudo desse certo mesmo.

sábado, 7 de agosto de 2010

"Menina de Louça" abre ao público as portas do Teatro Lavanderia

Sabe quando um dia representa um momento especial para uma grupo de pessoas?

Sabe quando temos vontade de juntar pessoas queridas na sala de nossa casa e mostrar um antigo álbum de fotografias?

Sabe quando um rosto novo traz aquela sensação de que alguma coisa vai acontecer?

Pois é! Nesse dia 07 de agosto de 2010, às 17h, abriremos ao público as portas do “Teatro Lavanderia”, sede do Pequeno Teatro de Torneado. E especialmente para esse evento, remontamos o primeiro espetáculo do grupo, “Menina de Louça”.

Contamos com sua presença!





Apresentada pela primeira vez em 2006, a peça foi escrita a partir de uma lenda urbana conhecida como "A Loira do Banheiro". No entanto, a lenda serve apenas como o pano de fundo para a abordagem de temas que exploram o rito de passagem para a vida adulta.

Para o o grupo, “Menina de Louça” marca o início da sua pesquisa (“A Dramaturgia dos Moleques”), que hoje caracteriza o seu trabalho coletivo: a liberdade de criação e a busca pela autonomia do jovem através da arte. Entender o jovem é dar espaço para que ele exponha seu ponto de vista sobre algo. E foi o que o grupo optou ao escolher um texto escrito por um jovem dramaturgo (William Costa Lima, 27 anos - 16 anos na época) e interpretado também por uma jovem atriz (Beatriz Barros, 18 anos).

Com poucos recursos técnicos, “Menina de Louça” acontece num ambiente intimista, apostando na oralidade e na relação que se pode criar entre a história a ser contada e o público disposto a ouvir.

“Menina de Louça” será o primeiro espetáculo a ser apresentado na sede do grupo, inaugurando o “Teatro Lavanderia”. Em setembro, o grupo reestreará no mesmo espaço o espetáculo “Primavera”, uma releitura para o clássico “O Despertar da Primavera”, do dramaturgo alemão Frank Wedekind.


Serviço:

Espetáculo: Menina de Louça
Temporada: de 07 a 28 de agosto
Dias/horário: Sábados, às 17h
Onde: Teatro Lavanderia
R. Dr. José Osório de Oliveira Azevedo, 19 – Saúde
(Altura do 900 da Av Miguel Stefano). Como chegar?
Informações e reservas: (11) 8634-2385
Capacidade: 25 lugares.
Aceita somente dinheiro e cheque. Acesso universal.
Sem estacionamento.
Valor do Ingresso: R$ 20,00 (inteira) / R$ 10,00 (meia)
Classificação indicativa: 10 anos
Duração: 50 min

Ficha técnica completa:

Dramaturgia e Direção: William Costa Lima
Atriz criadora: Beatriz Barros
Assistente de direção: Bruno Lourenço
Direção Musical e Músicas: Bruno Lourenço e William Costa Lima
Preparação Corporal: Karina Moraes
Confecção dos figurinos: Irene Aparecida Lima
Créditos das fotos: Ivan Stieltjes
Assessoria de imprensa: William Costa Lima
Assistente de Produção: Mayra Guanaes
Realização: O Pequeno Teatro de Torneado

http://www.torneado.blogspot.com/
http://www.twitter.com/torneado_

sábado, 31 de julho de 2010

Eu nunca fiz amigos bebendo leite.

Ontem eu estava de muito bom humor e resolvi que era dia de beber na rua e ver pessoas.
Lá estava eu no metrô, quando o vejo. Quem? Quem? Quem? O Muso! O meu Muso da faculdade!
No mesmo vagão que eu. Pena que eu já ia descer naquela estação, que pena! Mas aí, já tenho assunto pra falar com ele na segunda-feira.
Não é ótimo?
Depois disso, fiquei achando que o dia terminaria muito bem!

Subi a Augusta ainda com um sorrisão e colei num barzinho que minhas amigas estavam numa mesa na calçada.
Reparei que um moço com cara de vendedor de miçanga (perfil típico dos estudantes da minha faculdade) estava olhando pra mim. Ignorei.
Ele veio pedir um cigarro. Tática clichê. Mas ele tinha cabelo cacheado e barba, dei um cigarro.
Ele puxou assunto por causa do cigarro (tática ainda clichê, porém, funcional.) e depois pagou uma cerveja pra minhas amigas e pra mim.
E parecia aceitar que eu não queria papo, começou a conversar com as amigas também. Ele é Designer.
Agora vamos ao perfil dele: Além de cara de vendedor de miçanga, ele tem os olhos um pouco vermelhos, coisa de quem puxa uns backs.
E pra mim, quem puxa muito back a ponto de deixar o olho avermelhar, acaba ficando burro. E ele parecia ser meio lento mesmo.
Mas...pagou a cerveja. E na minha classificação etária, ainda por cima, ele é Kids. Não estava disposta a cuidar de um kids em minha última sexta feira de férias.

Mas como eu estava de bom humor e ele ainda havia pagado a cerveja, continuamos a conversa. E cada vez mais óbvio que ele queria ficar comigo.
Tá difícil de me enganar, hoje em dia, confesso.
Minhas amigas estavam indo embora do barzinho e chegou outra amiga, pra dar continuidade no rolê. E todos lá conversando.
E aí, eu precisava decidir o que fazer com o Kids/Designer que parecia muito afim da minha pessoa.
Claro que pra isso....eu perguntei: "E aí? qual teu signo?" e ele disse "Advinha!". Ok, adoro advinhar signos.
Pela situação chutei áries e touro e não era. Alguém chutou gemeos e claro que não era e alguém falou aquário e eu achei que pudesse ser e não era.
Antes que eu pudesse pensar ele disse "Escorpião". Ah, puta que pariu. Bom, escorpião sempre faz isso. Fala pra advinhar e quando começa a ficar legal, estraga a brincadeira.
Então ele disse que ninguém gostava de escorpião. Eu disse que gostava e que era um signo que tinha muito magnetismo. Ai, pra quê.

Mas aí eu pensei: escorpião fácil na minha + cerveja de graça + nunca beijei um escorpião = tenho uma missão!.

Bom, então começamos aqui a história do atual flerte: Designer.

Era o dia de sorte dele. Sabe? De muita sorte. Era uma promoção. Eu resolvi ficar com aquele cara. Eu estava indo beber em outra calçada e passei meu celular pra ele me achar lá se quisesse.
E ele foi atrás! hahahahaha, homem bom é isso, gente, vai atrás de seus objetivos. Ele pagou mais uma cerveja pra mim e pras amigas...uhu, assim que eu gosto.
Tava tudo bem, muito divertido, mas aí a amiga resolveu dar rolê no tatuapé. Ah não, não iria passar minha última sexta livre no tatuapé.
Resolvi beber mais umas cervejas com o mocinho até a hora de ir embora e experimentar o magnetismo escorpiniano, é claro.

Hoje havia uma mensagem dele em meu celular, falando que o dia tá lindo.

Missão concluída com êxito.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Escorre água em versos livres.

Senti o cheiro de mofo vindo do colchão
e tomei uma atitude.
Mudei de lugar o que eu chamo de cama
e desde então
tenho conseguido dormir melhor

Havia goteiras por todos os cantos
Goteiras que pingam como lágrimas
Carregando impurezas encontradas á frente
Devastando pequenos espaços um pouco mais abaixo

Por um momento
cheguei a pensar
que acordaria menos sozinha

Mais uma vez era um sonho
Da qual eu despertei

Antes de voltar a dormir.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Não havia esparadrapos.

As vezes eu fico aérea, dispersa, com vontade de ficar sozinha e mandar qualquer pessoa que me impeça de fazer isso, se foder.
Vá se foder, me deixa em paz um pouco, por favor. Vá foder com alguém, que seja.
Tenho vontade de sair pela rua, deitar no aslfato quente do meio dia, rolar até lá embaixo, passar as mãos em meu rosto sujo de sangue e sentir arder, arder, arder.
Talvez não tenha ninguém pra limpar com água quente e passar mercúrio e deixar meu rosto avermelhado.
Talvez não tenha ninguém do outro lado da esquina, se preocupando mesmo.
Chorarei água com sal, por conseguir ser tão amarga.
Mas é que tem e tinha. Tem alguém. Sempre terá alguém que tentou me ajudar a ser uma criatura melhor.
E...um dia vou perceber que um pouco de gratidão não faz mal a ninguém.
Por isso, qualquer idéia de egoísmo, tento deixar pra depois.

Para relaxar!



Obs: Sempre fui mais Woody do que Buzz.
Obs2: Ainda não assisti o toy story 3
Obs3: Só eu acho esse momento do filme incrível?
Obs4: Resolvi abrir essa nova série no blog (Meus textos ficam muito tensos, ás vezes!) para relaxar.
Obs5: Chega de observações e vejam o vídeo!

Ps: Sempre quis um boneco do Buzz e nunca me deram. Ficadica!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Conseguir ler alguma coisa é legal.

Antes de fazer meu comentário sobre o último livro que li (depois de muito tempo sem conseguir ler alguma coisa até o fim) queria divagar um pouco sobre essa questão da leitura.
Por que estou fazendo isso? Oras, porque é uma questão que venho pensando há algum tempo.
Sabe como é, entrei num curso de letras que me fez pensar bastante. Semestre passado, acho que eu amadureci uns dois anos de cabeça no mínimo.
É muita coisa pra ler e escrever. Ou seja, essas coisas que eu fazia por prazer, viraram....parte do trabalho.
No início foi complicado para eu entender, mas agora penso com mais distanciamento e menos cobranças.
Eu andei me cobrando muito neste semestre. E me cobrar demais, só me frustrou sabe? Exalei essa minha energiazinha CDF pra um lugar na qual não deveria ter exalado.
Fiquei com saudade da época do cursinho, quando largava mão de tudo que não conseguiria aprender e ia beber e dar risada com os meus amigos.
Não me arrependo. Passei na faculdade do meu jeito e tô aí, no meio da galera que assiste aula bonitinho e não bebe.
Faltou um pouco disso na faculdade. Faltou eu compreender melhor onde estava o meu limite.

Infelizmente, eu tenho um limite bem pequeno. Sabe, não consigo me concentrar muito tempo na mesma tarefa. A menos que a tarefa, consiga prender a minha atenção.
Não tenho conseguido mais ler livros inteiros ou assistir filmes inteiros, sem ficar dispersa. Essas férias foram extremamente frustrantes para mim.
Chega uma hora, em que cansa, ler e assistir coisas do mesmo nível e eu tento andar pra frente. E aí, eu me frustro, porque eu não consigo.
Nessas férias, fiquei pensando se o caminho, não é forçar o cérebro em coisas mais simples, antes de passar para as coisas que exigem mais concentração e atenção.

Depois de duas tentativas de leitura frustradas, resolvi pegar o último livro que ganhei para me divertir: "O menino do pijama listrado".
Antes dele, eu tentei ler "A eciclopédia de Serial Killers de A a Z", que porra, é interessante pra caralho, um dia fui lendo no metrô e fiquei alucinada.
Mas nunca mais senti vontade de pegar aquele livro e acabar de ler. Também tentei ler "Armadilhas para Lamartine" que estava no programa de estudos literários deste semestre, pensei que dessa vez eu iria conseguir porque é uma narrativa.
E nada, sempre me desconcentrava ao ler, bem como a eciclopédia, é muito interessante, mas não conseguia parar, deitar na cama e lê-los.
Frustrada, peguei "o menino do pijama listrado" da minha prateleira, decidida a ter conseguido ler, pelo menos um livro inteiro durante as férias.
E o fiz em três dias.

Sabia que conseguiria. É um best seller, afinal de contas. Imagino que best sellers não exijam assim taaaaaaanta atenção, já que muitas pessoas lêem e gostam.

Bom, ainda que, eu sempre tenha muitas questões com coisas que "todo mundo gosta", quando se trata de filmes e livros tento não ser preconceituosa e deixar que a minha curiosidade leve a melhor.
Para que assim, eu possa conhecer as coisas e ter algo pra falar. Mesmo gostando ou não.

Ao ver o tamanho deste post, percebo que é uma questão mais complexa para mim, do que eu havia imaginado.
Um dia termino de formular tudo e escrevo aqui.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

e toda idade tem prazer e medo.

Eu acabei de arrumar o quarto e pensei nisso. Uma vez alguém disse que o nosso quarto é a reflexão da nossa mente.
E a minha mente devia estar cheia de pó e com muito lixo, assim como o quarto. Mas já limpei o chão e preparei o quarto pra um novo ciclo, embora algumas coisas que ainda preciso tirar, ainda estejam aqui.
Hoje acordei disposta a fazer esta semana render, acordei cedo, coloquei uma música, acendi um incenso, como há muito não fazia.
Meu corpo dói, essa porra é tensão, sei disso. Que bom que estou tomando um remédio forte, porque se essa tensão for pra minha coluna, aí fodeu.
Eu sinto sono e tomo um café. Tem sempre o café que o papai fez e eu posso contar com o café, com este café.
Hoje perguntaram no meu formspring por que ler e escrever é tão importante, se tem coisas não dá para serem escritas ou lidas.
Ora essa, pra mim, tudo pode ser escrito e lido. Por isso leio e não contente, escrevo também. E o caos é muito bem vindo por aqui e a solidão também.
E agora pensei que tem coisas, que a gente só vive pensando, lendo e escrevendo. Sim, essa parte é triste, é muito triste.
Tem coisas que não dá tempo de viver, e aí, a gente escreve e lê, numas de achar que vamos viver um dia.
Tenho transformado tudo em texto. É um jeito de sentir menos dor. E não só em texto, mas tranformar tudo em algo bom.
Hoje acordei pensando nisso. No fim. Meu sono chegou ao fim e eu pensei. Eu pensei que toda história tem um fim.
Mas na vida, todo fim é um novo começo. Foi isso que eu vi naquele filme bobo de menina, que tinha aquela atriz bonita que morreu.
Todo fim é um novo começo, sempre trago essa frase comigo. E é difícil aceitar. É difícil pra caralho aceitar o fim das coisas.
E junto com o fim tem também o exercício da humildade e do desapego. É mesmo, muita informação.
Quando chega no fim, tenho que transformar, já que todo fim é um novo começo. E é preciso coragem pra recomeçar.
Como disse anteriormente, é preciso transformar em algo bom. Ao pensar no fim, pode ser que apareçam erros e acertos e na verdade, sempre penso que entre o erro e o acerto há um longo caminho a ser percorrido.
E tenho procurado algo bom em tudo, tenho chamado todas as cagadas de aprendizado, um aprendizado que se tornará experiência.
Depois da experiência, o acerto chega, eu sei. Se não chega, não paro de buscar.
E eu desejo errar muito. Porque só assim, é possível aprender e ter algo para dizer.
E eu desejo ter tolerância com quem erra, porque dói, mas faz parte do meu aprendizado também.
Desistir é um verbo triste.

domingo, 25 de julho de 2010

O nosso amor a gente inventa pra se distrair.

A primeira noite dá um pouco de medo mesmo. Mas depois passa, você vai ver. E que seja doce.
Depois haverá outras coisas para ocupar tua cabeça, aquela que na qual, não receberá um carinho.
Esta não é a primeira vez que acontece, não é mesmo? E me arrisco em dizer, que não será a última.
Mas vai ficar tudo bem. Um sopro já te empurra pra frente. Um chute então, é capaz de te fazer andar, mesmo que cambaleando.
Pense naquela imagem, alguém te leva pra cima de uma montanha e te empurra lá de cima. Você cai rolando, batendo a cara, colecionando feriadas e novas escoriações.
Normal. As feridas fecham. Algumas demoram para cicatrizar, tente esquecer da existência delas. Feridas se propagam e viram um câncer. E você não quer ter um câncer, não é mesmo?
Você não quer ver o seu cabelo caindo, correto? Pois é, filho, você não merece isso.
Você é só uma criança perdida no farol com esperança de ganhar uma esmola. Mas vai ficar tudo bem.
É só você sair dessa esquina errada. Essa encruzilhada louca. Filho, como tu foi parar aí?
A mamãe disse tanto pra tu tomar cuidado com os homens maus.
E olha só, alguém dá um sorriso mais simpático, te conta uma história e tu já se sente a vontade para oferecer tua mãozinha e ajudar.
Não há um problema nisso, meu filho. Sei o quanto te fiz receptivo e incapaz de negar uma ajuda.
As pessoas vão te magoar e te decepcionar mesmo. Mas por favor, não deixe de acreditar em você mesmo e defender os teus príncipios.
Não deixe que as pessoas façam de você, uma criatura fria.
Sei que o calor do teu abraço é capaz de aquecer e até mesmo derretar uma pedra.
Agora, levante-se deste canto. Não fique expondo as suas fragilidades. Sabe o que o que as pessoas fazem com as tuas fragilidades?
Elas pegam suas fragilidades e usam contra tu depois. E você ainda é novo, não vai saber o que fazer quando se sentir inseguro.
Tu só tem 20 anos, tem muito o que bater, antes de desistir. E vai demorar pra tu criar maturidade, fio. Já aviso. Tem ainda mais uns vinte anos pela frente.
Vai logo, levanta daí. Vamos arrumar toda essa bagunça, antes que comece a acumular poeira e a gente comece a tossir.
Ficou tudo sujo de sangue. Vamos limpar tudo? Vai lá, pega um desinfetante de cheiro bom. E arruma outro pano de chão, que aquele já tá bem sujo e feio.
Vamos fio, a mamãe tá aqui. Passa o desinfetante nas paredes, mas cuidado com as rachaduras que ficaram, ta? Vai arder bastante....mas assopra que passa.
Dessa vez nós não achamos que ia machucar, mas acabamos nos machucando.
Mas vai ficar tudo bem fio. Deixa que a mãe cuida de você.
Eu prometo que vai ficar tudo bem.
Foi só uma história boba que a mamãe inventou.

sábado, 24 de julho de 2010

Blue skies from pain

Daqui de cima, sou capaz de escutar um solo de guitarra que vem lá debaixo.
Uma música triste. Uma música quase clichê, pra todos os talentosos capazes de dedilhá-la em seis cordas.
Impressionante como uma caixinha tão pequena e aparentemente singela, consegue propagar um som tão bonito.
Sou maior e talvez menos singela e não tenho voz, não consigo propagar um grito neste momento.
É um grito pendente que ficou aqui.
E eu odeio pendências. Odeio a falta do vidro da janela, odeio o ventilador quebrado há anos, odeio a falta de luz, odeio as goteiras,
odeio a arrumação do quarto que ficou pendente, odeio histórias pendentes, casos pendentes, amores pendentes também.
Só quero que as coisas comecem ou acabem, para que eu possa continuar olhando para frente e andar. Andar pra algum lugar.
Mesmo que eu não consiga gritar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Do lado direito do cérebro.

Pode ser que seja um drama. Mas e daí? É o meu drama e ponto final. O objetivo sempre foi expurgar a emoção e pronto.
E por mais que eu tente disfarçar, sou uma menina, historicamente falando, nasci para parir e sofrer a espera de alguém que talvez não venha. Trago comigo toda aquela subjetividade do cromossomo X que o meu pai fecundou em minha mãe. Não me envergonho da minha subjetividade. Se eu passar muito tempo presa, sem contato com o mundo saberei quanto tempo passou, sou capaz de contar quantas vezes menstruei e concluir quantos meses se passaram, portanto.
Tenho o direito de ser atriz dos meus próprios dramas, sou protagonista das histórias que eu mesmo invento.
Abre-se as cortinas e no meio do espaço há um pequeno foco de luz e dentro desse foco há uma garota que escreve cartas que são enviadas para alguém que não responde.
Mas ela transforma em estímulo.
Mesmo que o meu silêncio também consiga falar por mim.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Limpo os pés no pano de chão que um dia já foi uma camisa pólo.

E eu não sabia, mas acabei adentrando sem pedir licença, algo que não consigo explicar, me empurrou através daquela porta, onde vez ou outra,eu já havia encostado meu rosto e tentava enxergar pelo buraco da fechadura, o que tinha lá dentro.
Eu me perguntava intimamente, timidamente: Será que um dia haverá um lugar para mim, aí dentro?
Quando eu cheguei aqui, as paredes estavam frias e pulsavam com menos força.
Paredes que outrora foram vermelhas, ficavam pretas, na medida em que o tempo ia passando.
Tornava-se cada vez mais difícil, bombear sangue para o resto do corpo, circular energia por todos os cantos da casa.
Ao chegar, passei a mão, com cuidado pela parede e achei o interruptor, consegui acender uma luz.
E como era bonito, aquilo tudo. Por dentro dele, era tudo bem mais bonito do que eu havia conseguido imaginar.
Algumas coisas já estavam velhas e desgastadas e sim, teriam de ser jogadas fora.
Mas havia mais que isso. Muitas mobílias que ainda davam para salvar. Que valiam a pena ser salvas.
Resolvi salvar todas, uma por uma. Pois pra mim, essas mobílias desperdiçadas, ainda servem, servem muito.
Eu só precisava de um tempo. E eu queria um espaço também. O meu espaço.
Encostei na parede e com as costas, fui escorregando até sentar no chão.
Até sentar ali, no chão daquele coraçãozinho.
Era um coração que cansado de apanhar, já estava quase parando parava de bater.
Até então.
Mas eu decidi ficar ali mesmo.
Com o tempo a corrente de vento diminui.
E eu sou capaz de aquecer este lugar.

domingo, 18 de julho de 2010

Toc, toc, toc, pode entrar.

Bata os pés no tapete e pode entrar.
Tem café em cima da mesa.
A água do chuveiro ainda deve estar quente. Você pode tomar um banho. No chão tem um sabonete líquido que faz espuma.
Ali você pode esquentar sua comida e ali, você pode colocar sua garrafinha de chá para gelar.
Separei um cobertor para você. Você pode dividi-lo comigo se quiser.
Desculpe pelo colchão no chão. É o que tem pra hoje.
Sabe, as vezes, as paredes pulsam com mais força. Não precisa ficar com medo, eu estou aqui, qualquer coisa, pode chamar tá?
Fique a vontade.
Tenho poucas mobílias, eu sei.
Mas pode fazer do meu coração o teu lar, mesmo assim.

domingo, 11 de julho de 2010

20



Duas décadas. E eu nem pensei que eu conseguisse chegar tão longe.
Até aqui, contei tantas vezes que pensei que fosse morrer, que daria para encher as duas mãos.
Eu nem sabia quanto era 20. Eu achava que 20 é muito e todo dia quando sinto minhas vértebras do meio da coluna doendo e as minhas patelas gritando, concluo que sim, 20 deve ser muito.
Muita coisa aconteceu desde então, desde aquela manhã fria de uma quarta feira do mês de julho.
Era o meu dia, era a minha vez. E talvez eu não soubesse. Mas o mês de julho, é o mês do rock 'n' roll e meu primeiro contato com o mundo, que não fosse aquela maternindade impregnada pelo cheiro do MC Donalds ao lado, foi no dia do aniversário do rock 'n' roll.
E eu nunca mais deixei de ser rock 'n' roll e muitas pedras rolaram, enquanto eu desço com o meu carrinho.
Mas sei que no topo dessa montanha, ainda existem muitas pedras para rolarem, descida abaixo.
Essa montanha russa que por convenção, insisto em chamar de vida.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Você é o cara.

Parabéns, Bill Haley.

Vida de bixete.

A parte legal ou muito chata em ser bixete é que...os caras dão em cima.
Deve haver uma lei que diga que as bixetes tem que dar para os veteranos.
Mas eu tô sempre na contramão e....não.
Escolhi o meu muso da faculdade e fixei nele. Decidi que, primeiro de tudo, ficaria com ele.

Alguns outros veteranos apareceram no meu caminho, claro.
Um deles uma vez tentou me agarrar no pátio e ainda disse: "Minha rep tá vazia". E ele era do mesmo grupinho do muso.
Falta de sorte total, né? Bom, pra não fazer uma grande cagada, disfarcei, disse que a vida é difícil e fui assistir a minha aula sobre Brecht.
Mas, ele poderia insistir, eu poderia ser estúpida e ele contar pro muso e aí, todos meus planos por água abaixo.
Pensei numa desculpa, fofa e sutil. Ia dizer que tenho um namorado, bonito né?

Nessa mesma semana, um outro veterano (caralho, nesse dia acho que roubei doce de criança) veio dizer que tinha me achado muito fofa e que queria ficar comigo.
Meu radar avisou "É cilada, Bino, saí dessa!". E eu disse que tinha namorado. E pronto. Incrível né? uma desculpa que vale pra todos, nem preciso me dar o trabalho de pensar em outras!
Vendo a cena, na qual, dei um fora sutil sendo simpática, minha veterana que de uma hora para a outra pareceu me considerar como ser humano, mesmo na condição de bixete, disse que ele era o cara mais zuado da faculdade.
Uau, ainda bem que eu escapei! E ele é o mais zuado mesmo, pude comprovar depois. Odiado por todos. Totalmente mala. E pior: o cara frequenta o meu rolê aqui em São Paulo.
E não é essa a pior....ele vem falar comigo toda hora! Merda!!!!
Venho tentando sobreviver e permanecer invisível até então.

Apareceram outros menos ousados que os dois. Mas não citarei eles neste post.

Fim de semestre.

O muso tá bem obrigado, arquivado com carinho, principalmente depois de descobrir que ele tem a minha idade, praticamente.
Vou esperar amadurecer e cair do pé. Isso talvez leve uns 10 anos. E talvez até lá, eu nem queira mais. Mas ok, ele pode ser meu amigo se ele quiser.

A surpresa de fim de festa, foi um cara muito interessante, que disse que era afim de mim. Uau, pensei. É uma promoção?
E eu quero ele agora. Porque ele combina em qualquer contexto, não só o acadêmico, por isso, acho que esse sim, merece a minha consideração.

Enfim, tirando tudo isso, tenho uma vida de flertes fora da faculdade. Eis que hoje, um deles, o Atendente ligou.
Era disso que eu queria falar, sobre como o cotidiano na faculdade, me ensinou coisas:

Eu já tinha tirado o atendente da lista, porque eu não aguentava mais. O cara não tinha nada a ver comigo, mesmo. Pra ficar com ele, eu teria que ficar cabulando a faculdade.
E eu já estava cansada. Há algum tempo ele me mandou uma msg que eu ignorei. Odeio ter que fazer isso.
Mas cansei de explicar como as coisas funcionavam comigo e ele continuava cagando nas mesmas coisas, não tinha mais pra onde ir, aguentei quatro meses, resolvi ser gente e bancar o meu critério. E sumimos.
Hoje ele ligou, falando que eu sumi e blá blá blá. Ele sabia ser fofo até. Mas sem inteligência nenhuma. E, ele é uma criança ainda.
Dueu....dueu bastante, lembrei que ele vivia correndo atras de mim, coisa que nenhum outro cara faz, ele tinha atitude, coisa que os concorrentes dele na época não tinha...
Mas tive que fazer isso. Entre um assunto e outro, falei que eu estava namorando. Odeio mentir, mas as vezes é necessário. Até imaginei que delicinha, ele de sunga levando a filha na natação, depois que ele me contou isso...mas mesmo assim, isso é pouco.
Claro que agora ele vai parar de ligar. E assim, nossa história termina.

Sempre fico com pena de dar um fora. Mas agora estou realmente trabalhando a questão.
Agora dou uma desculpa sutil.
E isso aprendi na faculdade, iniciei lá, minha pesquisa cientifica que diz que falar que está namorando é uma desculpa sutil e educada para não dizer "Sei que não vai dar certo com você, eu prefiro nem tentar".

Eu ando sem paciência, mesmo.

sábado, 3 de julho de 2010

Sobre o fim.

É o fim. Eu não te agüento mais. Daqui a pouco você vai pegar as minhas coisas e jogar pela janela. Daqui a pouco tu vai aumentar o fogo da lareira com a minha camiseta do coringão.

- E o cachorro? Com quem vai ficar?

- Você tá louca? Eu vou levar o cachorro daqui, o meu cachorro!

Ora essa, o cachorro nunca gostou de você, você sabe muito bem.

- Mas eu é que limpo a bosta do teu cachorro!

- Eu limpo todas as bostas que você faz. A janela que tu quebrou, o ventilador que tu queimou, a parede que você deixou ser destruída pela umidade.
E quer saber? Pode ficar com a geladeira.

A nossa geladeira. A geladeira que eu comprei com o vale presente que eu ganhei daquela pessoa especial. E quando me perguntarem com quem ficou a geladeira, direi que deixei para os meus filhos.

- Você está sendo uma mulherzinha!

- Você é uma mulherzinha há muito tempo.

O tempo todo eu tento não ser uma mulherzinha.

Eu me imagino em outro lugar, com outras pessoas. O tempo todo nossas escolhas são diferentes, tão diferentes que me diferencio , que me distancio.
Podemos amargar uma derrota e assim todo mundo ganha. Fique com toda a tua subjetividade, guarde-a dentro de um pote, junto com as cinzas da tua chinchila que morreu.


Desapega, vai.
E olha que eu sou apegada. O topo do meu guarda-roupa está repleto de bichos de pelúcia que provavelmente venho guardando desde o meu primeiro ano de vida.
E eu ainda não pensei em nenhum projeto para dá-los ás crianças pobres. E ora essa, eu também sou uma criança pobre.
O tempo todo me vejo lá embaixo, puxando a camiseta, esgarçando a camiseta do moço, pedindo uns trocados, uma esmolinha:

- Tio? Me dá carinho? Me abraça? Me beija?

E você sempre diz que não, que hoje não.

Nunca soube porque montanha russa se chama montanha russa.

Eu estava sentada sozinha no carrinho de uma montanha russa. O primeiro banco do carrinho e o meu lado estava vazio, na primeira curva, eu iria me machucar, porque é uma montanha russa de madeira. E esse tipo de montanha russa, treme que só a porra. Embora, eu não estivesse preocupada com isso, embora eu não lembrasse disso. Na verdade, não estava preocupada com nada, só estava sozinha. Não estava preocupada em saber que depois daquele tempo sentada, meus joelhos começariam a doer e que o loop provavelmente machucaria ainda mais a minha coluna. E eu sei que no loop, o melhor deve ser encostar a cabeça, deve ser muito triste um pescoço quebrado durante um passeio de montanha russa. E eu não sei se montanha russa de fato, tem loops. Há uma diferença na segurança. E o monitor esqueceu de apertar o cinto, eu acho que vou morrer. Até o monitor esqueceu de mim, céus. É isso, é porque eu estou sozinha.
O meu mundo é um passeio de montanha russa. Por isso, lado está vazio.
Se quiser sentar, pode começar a levantar as mãos e gritar. Eu cuido de você durante a passeio, prometo. É só segurar na minha mão.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Abrindo a série: Frases comentadas.

"Você quer uma bolacha, professor?" ?

Não, caralho. Ele não quer uma bolacha. Ele simplismente não queria ter tantos alunos imbecis como você.
No mínimo, ele gostaria de estar em casa, com a mulher dele, ao invés de estar aplicando uma prova de exame para tantos alunos!

Na minha época, as minas iam com decote e mostravam os peitos. Mas os tempos mudaram...(Infelizmente!)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

E não precisa abaixar a tampa do vaso.

É bem verdade, essa história de permissão. Perguntei se queria entrar e ofereci um café apenas por educação e agora você está aqui, folheado algum dos meus livros, escutando um dos meus cds que você mesmo colocou no rádio pra tocar. Daqui a pouco você vai sentar no sofá com as pernas abertas, as suas coxas apertadas dentro de um bermudão qualquer, e a sua barriga descansará em cima da braguilha e os seus chinelos estarão no tapete e daqui a pouco o cachorro vai pegar e levar para qualquer canto da casa, como num filme. Você irá abrir uma lata de cerveja e arrotar na minha frente e agora você nem pede mais desculpas, ora essa, santa intimidade e eu não vou falar nada, porque eu nunca soube arrotar e você foi o único que sentou ao meu lado e me ensinou mesmo que achasse isso feio e tudo bem que é feio, esqueci minhas calcinhas penduradas no boxe ontem pela manhã e mesmo assim, acordamos e transamos e tinha o café, o nosso café, o café que você fez, e tinha tudo e tudo isso só porque um dia deixei você entrar sem pedir e você acabou ficando e ficando e tudo bem, é assim mesmo.

domingo, 27 de junho de 2010

A garota que ganhava livros...

... havia ganhado um livro. Dele. E ele não era qualquer garoto. Ele era aquele garoto.
Foi aquele garoto quem escreveu o livro. Disse timidamente que havia escrito um e ela claro, pediu.
E ela sempre pedia coisas. Ele trouxe o livro, sem dedicatória alguma. Que triste - pensou ela, assim não é vantagem nenhuma conhecer um escritor!
E o livro permaneceu guardado em sua estante durante meses, junto com outros livros, outros livros que ela achava que jamais conseguiria ler.
Havia tantos livros da escola e tantas coisas pra ler!
Era uma tarde fria de começo de férias. Daquelas tardes existentes para ficar debaixo do cobertor bebericando uma bebida quente e muito doce. Não havia nada para fazer. Não havia nada que parecesse melhorar aquele mal humorzinho.
Sentia-se sozinha, repassou mentalmente todos os seus projetos para férias e decidiu começar naquele instante.
Foi até a estante e pegou o livro. De bruços, debaixo do cobertor, ela lia atentamente. Aquele livro, o livro dele.
Supreendendo-se a cada linha chegou ao final extasiada. Há muito que não lia algo tão bom e emocionante.
Era emocionante porque aquelas linhas guardavam muito talento. Essa parte a cativava por demais.
Ao chegar no final do livro, resolveu ler uma segunda vez. E dessa vez, repassar cada momento que havia achado mais legal, fazendo anotações.
Brincou de ser professora, brincou de ler a redação de um aluno. Esse é um dos mais inteligentes - pensou. E ele era, era o mais inteligente.
Morava numa biblioteca e sabia todos os assuntos, sempre tinha um livro pra recomendar. Sempre tinha um livro pra emprestar.
E sempre tinha os brinquedos mais legais que ele levava no dia do brinquedo.
Eram colegas de classe, daqueles que senta ao teu lado, na quinta fileira, na segunda carteira da esquerda pra direita.
Explica a lição e divide o lanche. E traduz o próprio livro e ainda lê em voz alta se você pedir. Te faz acreditar que a vida é poesia.
E ela gostava de pensar que isso só acontecia porque era ela. Ela não queria ter que pedir nada e tentava não pedir nunca.
Quando ele não estava, um vazio tomava conta da sala de aula. A garota então, escutava alguém entrar na sala e olhava em direção a porta. E nunca era ele.
Naquele dia, o garoto não adivinhou que ela estava lendo o livro que ele mesmo escreveu. Perdeu o jogo de adivinhação. E olha que ele estava indo tão bem!
No livro tinha a história de um mago aprendiz que encontrava um demônio. uma história dentre tantas outras histórias que a garota ainda esperava escutar dele.
Ela não era uma dessas garotas. Ela era aquela garota.
E naquele dia aquela garota escreveu em seu diário sobre o livro que aquele garoto havia escrito.
Porque ela leu aquele livro naquele dia e parecia que tudo ia ficar bem.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

De alguma central, uma ligação a cobrar chama.

Andar por ali sempre me causa alguma depressão. Despedidas, um tempo fora de casa, um tempo sem dinheiro algum.
Me encosto ao lado da janela e tento praticar alguma reflexão. É uma grande janela e eu não queria estar indo para lá.
Estou levando pensamentos comigo, levo sorrisos, frases doces, uma nova pontada pelo centro de minhas costas aproxima-se.
Eu só queria te deixado alguém com saudades, alguém com saudades do lado de lá. Alguém que ainda espere a minha volta.
Alguém que tenha algo para me dizer. Alguém na qual, eu tenha algo para dizer.
Alguém que me pergunte um - E aí, foi tudo bem?

Mas não, nunca tem ninguém. Por isso, sempre acabo dormindo mal em toda e qualquer viagem.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mais babadores!

Gente, vem aí mais um sobrinho (a) pra mim!

Agora é a vez da Laurinha.

Adoro as amigas que me dão sobrinhos!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Aproveite o dia.


Depois que parei de trabalhar em buffet infantil, demorei um pouco, mas voltei a gostar de crianças.
Ontem eu estava no metrô, sentada no banco perto do assento reservado.
Eu estava estudando em minhas últimas chances de estudar para a prova de estudos clássicos, que eu teria naquela noite.
Eu estava escrevendo sobre os Topóis do Carpe Diem.

Havia um menininho sentado no colo de uma senhora. Procurei não desviar minha atenção do caderno. Eu precisava estudar, eu não sabia as duas primeiras questões que poderiam cair na prova!
Notei que o menino começou a brincar com o meu chaveiro. Ignorei.
Depois de um tempo divagando com a mãe sobre o meu chaveiro, a mãe então perguntou:

- Você perguntou para a tia se você pode brincar com o chaveiro dela?

Eu falei que podia. E continuei escrevendo. Eu precisava mesmo estudar, não daria tempo de fazer isso antes de chegar na faculdade.
Mas o menino foi além:

- Tia, posso desenhar no seu caderno?

Foi um momento canceriano. Eu dei meu caderno e a minha lapiseira na mão daquele menino sedutorzinho.
Eu tinha que estudar e...não ia mais estudar. Eu precisava daquele caderno, daquela lapiseira e agora estava com ele.
Fiquei contemplando o desenho que ele fazia e pensando "Que merda! Eu odeio ser assim, vou bombar na prova porque não me organizei para ir bem e blá blá blá...".
Diogo, 3 anos, faz desenhos na vertical com o caderno em horizontal. Segundo ele, era um "Solzinho".
E a mãe ficou louca quando, depois, eu dei um lápis amarelo para ele colorir e ele resolveu desenhar outro.
Tentou tirar o caderno da mão do menino e ele ficou muito bravo.

- Você é aries?

Não, ele é escorpião - a mãe esclareceu.
Ah sim, claro. Foi um dia escorpião mesmo.
A menina que estava sentada ao meu lado pontuou sobre o mundo escorpião "aaaah, escorpião....eles nunca gostam de nada, mas quando gostam....".
Se esse menino gostar do meu caderno, fodeu. "E eles são super ciumentos" ela completou. Se esse menino gostar do meu caderno e não quiser me devolver eu vou me foder muito!
Já aconteceu de crianças pegarem minhas coisas, não quererem devolver e eu canceriana maldita, acabar cedendo pra ver um sorriso.
Mas eu precisava daquele caderno, eu tinha que estudar! Toda minha matéria do ano, estava lá!

- Filho, nós já vamos descer. Devolve o seu caderno pra tia?

E ele devolveu e sorriu. Que lindo, que mágico, quero ter um filho!
Mas cheguei na faculdade sem saber sobre o escudo do Arquíloco e a importância dos Topois do Carpe Diem.
E o desfecho não vou contar. É coisa minha.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Stray Cat II

Todo dia ao acordar, a primeira imagem que percebo com nitidez, é ela.
Sentada no oitavo degrau, debaixo pra cima, da escada em caracol, lá está ela.
Lá está ela, contemplando o dia que aparece do outro lado da janela.
Esboço um bom dia e não escuto uma resposta dela.

Minha adorável putinha
Interesseira e vagabunda
Eu preparo o teu jantar

Você nunca responde quando eu te chamo
Você nem sabe se eu te amo
Mas você não dorme enquanto eu não voltar.

E não adianta ligar
Porque eu não volto mais cedo do bar

*Para Dóris, com carinho.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Enquanto a guitarra chora.

Delicadamente, gentilmente, suavemente, divido o quarto com duas meninas. Meninas mesmo. Daquelas que se vestem igual e tem sempre algo para conversar antes de dormir.
É um hotel. Lembrei dos personagens marginais que moram em hoteis. Não hoteis como este, mas por ora, quis pensar que sim.
Quis pensar na minha pessoa totalmente sozinha, escrevendo compulsivamente e morando num quarto de hotel.
Mas não, isso já existe. Tem o Chinaski, tem o Bandini, tem o Dimi.
Tem o café, tem o chuveiro, tem a roupa de cama, tem uma mesinha para escrever e um frigobar da qual não comprarei nada.
Dia dos namorados. Essa data, bem como o dia das mães e o dia dos pais e qualquer outra data convencional, não representa nada para mim.
A diferença é que se um dia eu tiver dinheiro, no dia dos pais e das mães, tem pessoas para eu presentear.
Fim de um dia na qual me encontro cansada. Tem uma festa logo mais. Uma festa na qual a todo momento vou me perguntar "isso está mesmo acontecendo ou eu que bebi demais?".
Talvez seja a falta da bebida e aí, dou mais um gole na cerveja.
Passando os canais da Tv, noto um senhorzinho conhecido. B.B. King. Para minha surpresa, um documentário sobre Blues na Tv.
E essa é a grande promessa de companhia e diversão para esta noite. No dia dos namorados, dormirei com o B.B. King.
Mas vou tomar um banho. O chuveiro do hotel, tem três tipos de jatos diferentes. Eu poderia morar debaixo daquele chuveiro.
Entendi a frase: "Vou preparar o banho". A água demora para temperar. Tem que ligar as duas torneiras, senão você congela ou você queima os braços, como eu fiz em uma das minhas tentativas de desligar uma torneira por vez.
A Tv está no último volume e lá do chuveiro consigo escutar vozes e risadas e música e penso que até parece que tem alguém ali, me sinto menos sozinha.
Eu não queria sair de debaixo deste chuveiro, nunca! O mundo lá fora, parece perigoso demais pra mim.
Mas no dia seguinte, estarei mais descansada, visitarei uma feirinha que me fará muito bem. Depois vou ler sobre tragédia grega, deitada na cama, sentindo o sol bater em meu rosto.
E elas estarão conversando sobre um assunto de meninas qualquer, e uma delas estará segurando um incenso bom para circular energia.
E os beatles estarão tocando suas músicas mais melancólicas, no iphone em cima da cama ao lado.
Mas sabe, aquele papel higiênico e aquelas toalhas...não são tão macios.
Tudo muito bonito, tudo muito impessoal.