segunda-feira, 14 de junho de 2010

Enquanto a guitarra chora.

Delicadamente, gentilmente, suavemente, divido o quarto com duas meninas. Meninas mesmo. Daquelas que se vestem igual e tem sempre algo para conversar antes de dormir.
É um hotel. Lembrei dos personagens marginais que moram em hoteis. Não hoteis como este, mas por ora, quis pensar que sim.
Quis pensar na minha pessoa totalmente sozinha, escrevendo compulsivamente e morando num quarto de hotel.
Mas não, isso já existe. Tem o Chinaski, tem o Bandini, tem o Dimi.
Tem o café, tem o chuveiro, tem a roupa de cama, tem uma mesinha para escrever e um frigobar da qual não comprarei nada.
Dia dos namorados. Essa data, bem como o dia das mães e o dia dos pais e qualquer outra data convencional, não representa nada para mim.
A diferença é que se um dia eu tiver dinheiro, no dia dos pais e das mães, tem pessoas para eu presentear.
Fim de um dia na qual me encontro cansada. Tem uma festa logo mais. Uma festa na qual a todo momento vou me perguntar "isso está mesmo acontecendo ou eu que bebi demais?".
Talvez seja a falta da bebida e aí, dou mais um gole na cerveja.
Passando os canais da Tv, noto um senhorzinho conhecido. B.B. King. Para minha surpresa, um documentário sobre Blues na Tv.
E essa é a grande promessa de companhia e diversão para esta noite. No dia dos namorados, dormirei com o B.B. King.
Mas vou tomar um banho. O chuveiro do hotel, tem três tipos de jatos diferentes. Eu poderia morar debaixo daquele chuveiro.
Entendi a frase: "Vou preparar o banho". A água demora para temperar. Tem que ligar as duas torneiras, senão você congela ou você queima os braços, como eu fiz em uma das minhas tentativas de desligar uma torneira por vez.
A Tv está no último volume e lá do chuveiro consigo escutar vozes e risadas e música e penso que até parece que tem alguém ali, me sinto menos sozinha.
Eu não queria sair de debaixo deste chuveiro, nunca! O mundo lá fora, parece perigoso demais pra mim.
Mas no dia seguinte, estarei mais descansada, visitarei uma feirinha que me fará muito bem. Depois vou ler sobre tragédia grega, deitada na cama, sentindo o sol bater em meu rosto.
E elas estarão conversando sobre um assunto de meninas qualquer, e uma delas estará segurando um incenso bom para circular energia.
E os beatles estarão tocando suas músicas mais melancólicas, no iphone em cima da cama ao lado.
Mas sabe, aquele papel higiênico e aquelas toalhas...não são tão macios.
Tudo muito bonito, tudo muito impessoal.

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