domingo, 10 de outubro de 2010

Eu dialogo com maiores abandonados.

Eu te dei aquele copo com água. E você pediu para entrar e eu deixei.
E você tá aqui, aqui dentro. Então por que você simplesmente, não fica a vontade e senta no sofá e dá risada com um dos meus filmes bobos?
Eu divido os meus livros com você, eu divido as minhas jujubas que eu guardo no copinho, eu divido até o meu chocolate branco com cookies.
Eu divido tudo.
Eu tiro as minhas coisas da lareira e acendo o fogo e tudo pode ficar quente e doce numa noite de frio.
Eu nunca acendo a lareira. Mas dessa vez posso acender, mas só porque é você, acredite.
Eu nem sei porque construí uma casa com lareira, nunca tem ninguém pra ver o fogo queimando.
O fogo sempre queima tudo que passou. Mas sabe, eu sempre fui água, também. Tudo fica por aqui mesmo.
Porque água é cachoeira e toda água tem que descer do topo até cair no chão e misturar com outras águas e correr, correr e passar.
Minhas caixas com lembranças e minhas gazes sujas de tanto limpar feridas ficam por aqui o tempo todo, mas eu encosto tudo pelos cantos da casa.
Fica um espaço grande no meio do quarto, assim. Assim porque sempre tem que ter espaço pro novo. E eu não tenho medo do novo, mesmo que o novo seja desconhecido.
Eu tenho medo é de tudo que eu conheço e já vi.
Larga essa faca, cara. Tu não quer fazer isso, eu sei. Vai doer mais em você do que em mim, eu sei.
A porta tá aberta, tu pode ir embora e eu não conto pra ninguém, não te denuncio pra polícia.
Larga essa faca, eu aposto que tu não quer rasgar o meu coração.

Nenhum comentário: