segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Histórias de avó: A nova série.

É a nova série do meu blog, que está dentro da série que a Marina inventou que chama "Coisas que só acontecem com a Mayra".
Porque ter uma avó assim, gente....é uma castigo muito específico. Não sei se estou sendo castigada por alguma malcriação ou se o castigo veio pra minha mãe e sou obrigada a pagar por ser filha.
O caso é que o grande problema da minha vida, é morar nessa merda de lugar. E como se não fosse ruim já, morar num bairro longe do metrô que não tem nada a ver comigo, cheio de pessoas - meu tio deu a melhor definição - intelectualmente limitadas, ainda moro na casa de trás.
Sabe o que isso quer dizer? Quer dizer que daqui não da pra ver a rua. Cada vez que eu quero sair daqui sou obrigada a passar pela senhora esquizofrenica que por convenção acostumei-me a chamar de vó.
É insuportável, sabe? Mas é claro. Pra quem não está dentro da situação, não parece tão ruim. Parece que eu sou uma garota que maltrata os pobres velhinhos.
Ok, pensem o que quiserem. Afinal de contas, vocês nunca poderão vir aqui e comprovar pessoalmente de que tipo de inferno eu estou falando, sabe, além de tudo não posso trazer ninguém aqui, neste lugar que por convenção, eu chamo de casa.

Bom, nessa nova série do blog Copo de ácido, contarei episódios da senhora esquizofrenica. E acredite, sempre tem um episódio novo.

Enfim. Queria começar pelo episódio de hoje:

Quem me conhece um pouco, sabe o quanto eu odeio pêlos. Oras, me irrita ficar com pêlos pelo corpo, simplismente.
Não, nos outros não me incomoda. É isso aí rapazes, não precisam se depilar se vocês não quiserem. Não vou odiar os pêlos de vocês, afinal de contas, eu já tenho os meus próprios pêlos para odiar, não é mesmo?

O caso é que os pêlos da minha sobrancelha já estavam grandes. E sobrancelha é o único lugar que é realmente impossível de depilar com qualquer pessoa ou se auto depilar.
Porque exige muita técnica e se você errar, fodeu. Fode todo teu rosto. Claro que quando os meus pêlos crescem, visito a minha depiladora.
Há algum tempo que eu frequento depiladoras. Cera quente é uma invenção incrível, juro.
Depois que a minha depiladora oficial e canceriana morreu, com o tempo, fui aprendendo a me depilar com cera sozinha.
Mas sobrancelha....só com ajuda de um profissional. ahahaha

E hoje é segunda, pra começar a semana bem, resolvi tirar esses pêlos. Fui cedo na depiladora porque eu tenho uma caralhada de lição pra fazer.
Ao passar pelo portão, a querida senhora esquizofrenica perguntou aonde eu estava indo (como se eu fosse uma criança retardada de 5 anos) e eu disse que estava indo na depiladora.
Por que eu disse isso? Oras, eu sou refém de uma grande situação na qual meus pais me enfiaram, não é mesmo?
Aqui é assim, se eu não andar na linha, a minha avó enche o saco o dia inteiro. Juro, grita o dia inteiro, liga o dia inteiro...isso ela faz sempre.
Mas quando eu não faço o que ela acha certo, ela faz tudo isso em mais vezes por minuto, num volume mais alto.
E hoje eu pretendia ficar aqui (já vi que será impossível) até a hora da faculdade, pra estudar e fazer minhas lições. E pra isso eu preciso de silêncio e sossego.
Numa tentativa de obter um pouco disso que a gente acha que todo pobre ser humano tem direito eu disse aonde eu estava indo.

Saí e voltei. Tirei os pêlos, missão concluída com êxito. Tudo daria certo então.

Ao passar pelo portão, ela me disse:

- Que tanto você se depila?

- Eu odeio pêlos.

E aí, ela já começou a semana lançando a grande pérola:

- Sabia que depois de um tempo depilar dá câncer?


Visto que semana passada consegui depilar até a minha virilha sozinha e essa semana pretendo aprender a depilação íntima completa + nádegas....

É bom já ir pensando quais perucas combinam mais comigo.

#Ervil


Um comentário:

Jair disse...

Veja pelo lado bom, já que tudo tem um lado bom, até mesmo esse inferno que você vive aí, que eu conheço muitíssimo bem e que me deixa ainda mais chateado justamente porque sei que isso afeta você tão profundamente.
E o lado bom é exatamente esse que você captou: a velhota pode render boas histórias. Tá certo que o custo disso é enorme em termos de stress psicológico. Porém, escrever sobre isso pode ser uma válvula para aliviar a dor da porrada.
Mas isso passa. Essa violência a que você está exposta passa, como tudo passa. E, se você mantiver o equilíbrio mental, ainda pode rir disso no futuro.
E não se esqueça da nossa última conversa. É preciso mudar e para isso tem que planejar bem e dar o primeiro passo.
Conte comigo, ok?