Adentrei o seleiro “Acabou a comida” foi o que eu pensei. Onde estará o Chileno das empanadas agora? Calculei mentalmente quanto de dinheiro poderia ter ainda em minha carteira e fui atrás de algo para encher a barriga. A grande surpresa gastronômica que descobri do lado de fora, foi algo maravilhosamente compatível com o meu bolso: Pão com ovo no preço de 1,50. Per-fei-to. Sentei defronte a sala de aula. Daqui posso ouvir o meu professor preferido falando sobre contos. Coisa que eu saberei logo mais. Me divirto escutando as pausas e o sotaque alemão do meu professor, agora, quase familiar depois de um semestre. É muita poesia ter um professor alemão, sabe? Com o tempo a gente se acostuma. Sentada ali naqueles degraus cheguei por um momento a me sentir menos sozinha. E assim continuei somente com essa sensação de "menos sozinha". Sempre odiei fazer as minhas refeições sozinha. Acho que o meu fim sempre foi brigar com a minha mãe durante o almoço e o jantar e ter que subir com a comida pro quarto. Um cachorro amarelo e peludo sentou-se ao meu lado e desprezou o pedaço do meu pão eu lhe ofertei. Mas gostou do ovo frito. E daí que eu só paguei 1,50? O gosto estava bom do mesmo jeito. E o chocolate derretido em minha mochila que eu comeria de sobremesa dali a pouco também, também deveria estar bom mesmo assim. Olhei ao meu redor e me senti feliz. É isso que tem pra hoje. E eu sorri ao constatar isso.
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