segunda-feira, 19 de julho de 2010

Limpo os pés no pano de chão que um dia já foi uma camisa pólo.

E eu não sabia, mas acabei adentrando sem pedir licença, algo que não consigo explicar, me empurrou através daquela porta, onde vez ou outra,eu já havia encostado meu rosto e tentava enxergar pelo buraco da fechadura, o que tinha lá dentro.
Eu me perguntava intimamente, timidamente: Será que um dia haverá um lugar para mim, aí dentro?
Quando eu cheguei aqui, as paredes estavam frias e pulsavam com menos força.
Paredes que outrora foram vermelhas, ficavam pretas, na medida em que o tempo ia passando.
Tornava-se cada vez mais difícil, bombear sangue para o resto do corpo, circular energia por todos os cantos da casa.
Ao chegar, passei a mão, com cuidado pela parede e achei o interruptor, consegui acender uma luz.
E como era bonito, aquilo tudo. Por dentro dele, era tudo bem mais bonito do que eu havia conseguido imaginar.
Algumas coisas já estavam velhas e desgastadas e sim, teriam de ser jogadas fora.
Mas havia mais que isso. Muitas mobílias que ainda davam para salvar. Que valiam a pena ser salvas.
Resolvi salvar todas, uma por uma. Pois pra mim, essas mobílias desperdiçadas, ainda servem, servem muito.
Eu só precisava de um tempo. E eu queria um espaço também. O meu espaço.
Encostei na parede e com as costas, fui escorregando até sentar no chão.
Até sentar ali, no chão daquele coraçãozinho.
Era um coração que cansado de apanhar, já estava quase parando parava de bater.
Até então.
Mas eu decidi ficar ali mesmo.
Com o tempo a corrente de vento diminui.
E eu sou capaz de aquecer este lugar.

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