Vocês tem razão, todos vocês, eu sou sozinha mesmo. Faz parte da minha personalidade, faz parte do jeito que eu aprendi a ser.
Eu sou legal sim, tenho uma capacidade bacana em fazer amigos. Sei me fazer comunicativa, consigo participar de qualquer rolê quando estou de bom humor.
Mas isso aconteceu agora. Eu sempre fui seletiva e preferia ficar sozinha a ter que tentar me comunicar com pessoas que eu achava que não tinha a ver.
E, infelizmente, eu sempre estive em lugares, cheio de pessoas que não tem nada a ver.
Mas eu já sabia ser sozinha antes de perceber que sempre estive em lugares cheio de pessoas nada a ver.
Eu nunca tive irmãos, com quem brincar. Minha interação com outras crianças, dependia dos meus primos.
E eu tenho muitos primos, mesmo. Mas nem sempre o fio condutor foi a chamada afinidade.
Muitas vezes o que me conduzia era um pensamento que guardo pra mim até hoje "é o que tem pra hoje".
Hoje em dia repenso essa questão dos primos e parece que não dava pra ser diferente, não. Não tinha muita escolha.
Os primos e primas que tenho mais afinidade são mais velhos do que eu ou muito mais novos. Então, não dava pra brincar direito.
E essa coisa de primo (ainda mais com primos da sua idade) sempre parece uma coisa meio forçada, né?
Como eu disse, sempre estive em lugares com um monte de gente nada a ver comigo. Tenho a impressão que este fator é decorrente do lugar onde eu moro, mas ainda não formulei bem a tese.
Mas sempre consegui escolher e achar amigos, as pessoas podem ser receptivas e legais, independete de gostar das mesmas coisas que eu.
Mas com essa de ser seletiva fui aprendendo a ser sozinha. Eu adoro pessoas, mas eu adoro pessoas escolhidas e não aleatórias.
Desde criança eu sei ser sozinha. Faz parte da minha personalidade.
Passei muitas tardes de fim de semana brincando sozinha enquanto o meu pai assistia o jogo com algum primo na sala e a minha mãe dormia depois do almoço.
Minha questão sempre foi: Por que não podemos sair nós três e fazer alguma coisa?
Eu sempre quis isso e isso só teve recorrentemente, tempos depois quando eu me dei conta que eu apreciava a cultura e a intelectualidade e passei a conhecer lugares mais longes.
Percebi isso por um comentário da minha mãe no dia das crianças "Por que invés dos pais levarem os filhos no shopping, não levam no ibirapuera?".
Ué, eles devem ter os motivos deles ué. Humpf, no meu dia das crianças, nem shopping tinha. Eu brincava sozinha com o meu brinquedo novo em casa mesmo.
O ibirapuera eu só conheci aos 12 anos com a escola e olha que eu sabia da existência desse lugar e vivia pedindo pra conhecer.
Eu fui aprendendo a ser sozinha. Eu brinquei muito sozinha, eu conheci muitos lugares sozinha.
Além disso, eu moro na casa que os meus pais escolheram e receber as minhas visitas aqui, nunca foi o forte deles.
Quero dizer, de qualquer forma, aqui, estou submetida a milhares de escolhas deles.
E claro isso aumenta a solidão, essa é uma das minhas maiores reclamações daqui.
Não gosto daqui. Mas por outro lado, nunca deu pra ser menos pior, também.
Eu nunca tive um cachorro, por exemplo. E eu não posso encher a geladeira de breja e chamar todos os meus amigos pra ficar aqui um pouco.
Por tudo que eu citei acima, eu consigo perceber que sempre senti muitos vazios e por isso, fui aprendendo a conviver com esses vazios.
E hoje esses vazios parecem enormes, as vezes eu mesma consigo tapá-los e as vezes alguém vem e tapa.
Mas nem sempre consigo perceber quando um vazio deixa de existir. E me sinto constantemente sozinha.
Mas eu tenho chamado a minha solidão de aprendizado e uso pra alguma coisa, eu tenho usado a solidão para escrever.
E esse foi o caminho onde eu me encontrei melhor e onde eu gosto mais dos meus textos.
Agora vou revisar meu artigo sobre a música dos Mamonas Assassinas.
Até breve.
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