Em primeiro lugar, como eu consegui esquecer o meu caderno? Hoje é dia de estudar e o meu caderno simplesmente deveria estar aqui. Mas eu o deixei em casa. Sozinho. Acho que este só não é um grande motivo de irritação porque de qualquer forma sempre carrego folhas comigo caso eu precise escrever alguma coisa. Nunca cabem todas as minhas idéias em minhas mãos que permanecem sempre esboçadas de algum escrito. Perdi o busão. Minha vida está organizada por metáforas assim. Perder o busão, quem sabe até passar do ponto? Esperar o Jd. Angélica debaixo do sol respirando a avenida do Estado também não pode ser um motivo de irritação, isso eu decidi hoje. O inverno deve ter ido embora. Estou esperando o Jd. Angélica porque o tio da perua passou e lá eu não me encontrava. Eu estava comendo o tikenitos que aquela garota me ofereceu, ela disse “toma seu café lá dentro comigo enquanto eu almoço, vai?” e lá se foi outro busão. Tudo bem, depois de perguntar muito onde era mesmo aquele ponto, o achei. Aqui estou eu. E tudo bem, consegui sentar no último banco da fileira da direita ao lado da janela. Hoje não tem ninguém para ler um texto escrito por mim ou me abraçar. Pra falar a verdade, quase nunca tem ninguém sentado no banco ao lado. Só a garota dormindo aqui. Sei que estudamos no mesmo lugar. Com o tempo tu aprende a reconhecer pessoas, lugares e sensações. Don't Worry, Be Happy é música que está tocando agora. Todo mundo sempre me pergunta porque prefiro vir de trem do que pegar o busão. Nunca sei o que responder. Mas sempre digo que é por causa da passagem. Mentira. É que o ônibus vem pela Dutra e pula muito. É horrível para escrever.
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