segunda-feira, 29 de março de 2010

Malboro.

- Você fuma? - ele demorou para responder e como num suspiro disse: Fumo e você? - Não, quase nunca. Não gosto do cheiro do cigarro.
Se não fosse pela música vinda do rádio, talvez o silêncio tivesse tomado conta. Logo mais, ela percebeu e perguntou - Mas você consegue ficar tanto tempo assim sem fumar?.
- Não. Mas hoje estou com você e você odeia o cheiro do cigarro. Ele pareceu constrangido, ela não queria estimular um constrangimento: Olha, vou fumar um para te fazer companhia então.
E ele sentiu-se convencido pelo sorriso dela. Tirou um cigarro do maço e lhe entregou, ela tocou com o cigarro os próprios lábios e aproximou seu rosto, para que ele pudesse acendê-lo. Ela fez aquele gesto de sempre. Ela gosta do movimento do cigarro, aquela partitura de tragar a fumaça e solta-la, levemente, abaixando o braço ao lado do corpo.
Pensou no lugar que poderia lavar as mãos depois. Pensou em muitas coisas. Ele parecia constrangido ainda. Os números, sempre, os números.
Ela pensou em parafrasear o Caio agora. E olha que ela só começou a fumar para parecer distraída. Achou melhor inventar uma própria frase.
Ao lado dele, com aquele velho all star sujo bambeando no degrau da sarjeta para ficar a sua altura, olhou em seus olhos e disse - eu não me importo com o cheiro do cigarro se ele estiver impregnado de você. Claro que sua boca encontrou a dele e um beijo calou a noite quente e úmida e todas as diferenças que existem entre os dois.
Claro que ela já estava em um estado tonto, alcoolizado, cedendo, perdendo para sua própria vontade.
E ele não sei, porque isso aqui é só um texto de blog. E essa história nem existe de verdade.

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