terça-feira, 8 de maio de 2012

Algum otimismo.


Como eu havia apostado com um bixo, a greve já ultrapassou seus 45 dias corridos.
E estes 45 dias têm sido um tempo de muito nervoso e stress. Fui e continuo sendo oposição, ninguém me apresentou um bom argumento para mudar de lado até agora. O ponto auge e talvez decisivo para que pudéssemos pontuar algumas coisas aconteceu em uma segunda-feira. Havia 40 grevistas e militantes seguindo uma professora. Por acaso, ela é minha professora. Beethoven e eu estávamos lá para ficar com ela e ficamos. 40 contra 3. Claro, queríamos tirá-la dali e descer mas era necessário que o cara do TI fosse lá para desligar o datashow. Tivemos que esperar o cara (que deveria estar com o cu na mão) chegar para podermos descer. 2h de tortura. Foi bem próximo do sentimento que eu tive quando escutei depoimentos de presos políticos do DOPZ. Engraçado que estes caras, que seguem em 40 uma professora, são contra essa tal ditadura aí que todos dizem! Abram os arquivos do fim da ditadura! - é o que eles dizem.
Bom, também tenho os arquivos deste dia de ditadura. Filmei toda a cena. Os caras jogando cadeiras para dentro da sala, depois fazendo baderna e depois um "sarau" para humilhar a professora. Tentaram tirar a câmera da minha mão, na tentativa, a moça ousada me deu um soco no braço. Doeu por dois dias.
Foi difícil me controlar para não bater de volta. E tenho evitado ir na faculdade por causa disso. Estou muito puta e tenho medo da minha coragem.
Neste dia me controlei até o fim mas não sei até quando conseguirei ser uma pessoa controlada e fina. Resolvemos permanecer afastados da faculdade até essa greve acabar. Semana passada tive que ir porque os professores convocaram uma reunião com os alunos para falar sobre o semestre, expôr algumas situações hipotéticas do que poderia acontecer com as nossas aulas. Bom, na verdade, fui só porque tenho a maior consideração pelos meus professores porque eu não estou tão preocupada com o meu semestre. Sei me virar. Todavia, a energia do campus está bem pesada e isso também tem nos feito em pensar muitas coisas, inclusive em transferência de Universidade e as opções são poucas.
Decidimos fechar a Gutenberg também. Não sei em quanto tempo faremos isso mas enquanto as coisas se ajeitam já estou procurando outro trabalho bem longe da faculdade, não vemos mais sentido em investir tanto esforço e dedicação para ajudar alunos que colaboram com a destruição da educação e do ensino (2 meses sem aula, sem nenhum ganho, vocês chamam isso de Progresso?).
Em contrapartida, voltei a trabalhar na minha pesquisa. Os autores que eu escolhi são realmente maravilhosos e o meu orientador também. Acho que vai dar certo.
Estou tentando transformar este tempo sem aulas em algo produtivo e esta semana por exemplo, estou indo para um Congresso de Literatura Portuguesa na USP.
Beethoven e eu fomos convidados para apresentar uma leitura dramática e foi muito divertido. Decidimos tudo com a professora (essa aí de cima, ela havia nos convidado antes da greve, inclusive) em menos de 24h. Formamos um trio que dá certo. (ou quarteto, se contarmos o Beethoven dela também). Este foi um ganho da greve, um ganho nosso. Estamos construindo coisas bonitas no meio do caos.
Cerveja e amigos já resolvem muita coisa.

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