quarta-feira, 30 de junho de 2010

E não precisa abaixar a tampa do vaso.

É bem verdade, essa história de permissão. Perguntei se queria entrar e ofereci um café apenas por educação e agora você está aqui, folheado algum dos meus livros, escutando um dos meus cds que você mesmo colocou no rádio pra tocar. Daqui a pouco você vai sentar no sofá com as pernas abertas, as suas coxas apertadas dentro de um bermudão qualquer, e a sua barriga descansará em cima da braguilha e os seus chinelos estarão no tapete e daqui a pouco o cachorro vai pegar e levar para qualquer canto da casa, como num filme. Você irá abrir uma lata de cerveja e arrotar na minha frente e agora você nem pede mais desculpas, ora essa, santa intimidade e eu não vou falar nada, porque eu nunca soube arrotar e você foi o único que sentou ao meu lado e me ensinou mesmo que achasse isso feio e tudo bem que é feio, esqueci minhas calcinhas penduradas no boxe ontem pela manhã e mesmo assim, acordamos e transamos e tinha o café, o nosso café, o café que você fez, e tinha tudo e tudo isso só porque um dia deixei você entrar sem pedir e você acabou ficando e ficando e tudo bem, é assim mesmo.

2 comentários:

Jair disse...

Caraca! Fiquei arrepiado....
Eu não vou ficar por aqui babando ovo prá você o tempo inteiro. Mas saiba: leio todos os seus textos e eles tocam lá no fundo.
A propósito, visite o blog de um amigo meu de Minas, que acho que escreve com muita competência também:
http://bmoblog.wordpress.com/

Pucca disse...

Muito bom.. eu ja vi isso tudo acontecer!!