I
Meus braços estão retorcidos de tanto limpar o chão ao esperar uma visita sua.
Uma visita em que você fique. E encoste o carro na sarjeta e deixe o cachorro correr pelo jardim.
E divida toda a pizza que eu comprei de madrugada, só porque você escolheu que fosse assim, que a história fosse assim.
E eu também escolhi. E toda vez que você parte, as paredes e o teto choram por mim. Mas não tem problema, porque eu escollhi que fosse assim.
Eu te quero na mesa do jantar, mas se quiser sair, tudo bem. A porta é a serventia da casa, é o que dizem.
Pode ir, eu abro a porta para você. Eu já te dei a chave e tudo volta quando quiser.
Não há segredos no cadeado, queria pensar que não há segredos em nada.
E mesmo que eu tenha meus próprios segredos, os únicos segredos que tenho guardado são os seus.
II
Ao descer do ônibus, pensou que ainda havia como voltar pra casa. Encostou o bilhete único na catraca e percebeu que não tinha crédito.
Pensou em contar as moedas que tinha no bolso traseiro, mas certamente, não conseguiria pagar um bilhete pra voltar.
E olha que hoje já havia pedido dinheiro para alguém. Moço, você tem um carro? Para onde você vai? Tu pode me dar um trocado pra eu pegar o busão?.
Um trocado aqui, um trocado ali, um resto de comida aqui, água para ajudar a engolir, essas coisas.
A gente vai engolindo mesmo, fazer o que.
Acende um cigarro. A única coisa que poderia fazer no momento, era acender um cigarro.
Fumante apenas em dias pobres. Era um dia pobre este. Suas unhas estão descascadas e suas calças provavelmente já respiraram dias melhores.
Pensou em mostrar os peitos em troca de dinheiro para voltar. Mas já havia mostrado os peitos bastante naquele dia. Estava cansada.
Uma hora algum senhor bonzinho aparece e me dá uma carona - foi o que pensou.
E voltou a fumar distraidamente, porque era a única opção que lhe sobrou, aqueles cigarros amassados dignos de conquistar rapazes aleatórios na rua.
Uh, a juventude. Ela sempre conseguia pensar rapidamente em todas as possibilidades.
Mas naquele dia, ela respondeu que estava tudo bem.
Porque acostumou-se a fazer isso.
III
Não era um presente, ora essa, porque presentes são bonitos. Era apenas uma doação com um bilhete escrito com sangue, feito para doer.
Mas recebeu de bom grado mesmo assim. Gostava de receber presentes, mesmo os feios. Alguns presentes tinham carga, fato.
Pensou que poderia ser um presente bomba, abriu com cuidado afastando-o do rosto. De fato explodiu.
Não importa. Disse para o carteiro que estava tudo bem. Só para que ele pudesse ir pra casa sem dor na consciência.
Já era um fardo bem pesado em si, ter os cachorros mordendo suas pernas.
Com a cara toda queimada, como num desenho do Coyote e do papaléguas, largou o presente num canto do quarto e nunca mais mexeu.
Mas sempre lembrava do presente. Em todos os momentos.
Depois de um tempo, resolveu dar um fim naquilo tudo.
Queimou o bilhete escrito a sangue, numa panela com fogo.
Respirou o cheiro de queimado e pensou que o ar e a água não pontuam o fim, mas o fogo sim.
Fechou os olhos e escutou a música do Bach que vinha de algum outro cômodo da casa. Sua música favorita, maravilhosa coincidência.
Tudo isso durante a hora do almoço, com platéia e tudo.
Pensou em chorar. Mas fez uma cara de indiferença.
Ainda assim aquele momento não deixou de ser poético.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
1, 2, 3, salve o meu mundo.
Eu só precisava de alguém pra brincar de esconde-esconde. Alguém que soubesse um bom lugar para esconder.
Alguém que grudasse o corpo junto ao meu entre duas paredes e fizesse Shiiu, pra ninguém escutar.
Alguém que dissesse "não tem ninguém olhando, pode ir"
pra eu sair correndo e gritar,
batendo a mão na parede: 1 2 3 Mayra.
Talvez eu não conseguisse chegar a tempo.
Mas depois ele sairia correndo, depois de todo mundo,
bateria a mão na parede
e gritaria
1 2 3 salvo o mundo
E o jogo começaria denovo
escondidos novamente
e denovo
denovo
denovo
Até que não precisemos mais nos esconder.
Alguém que grudasse o corpo junto ao meu entre duas paredes e fizesse Shiiu, pra ninguém escutar.
Alguém que dissesse "não tem ninguém olhando, pode ir"
pra eu sair correndo e gritar,
batendo a mão na parede: 1 2 3 Mayra.
Talvez eu não conseguisse chegar a tempo.
Mas depois ele sairia correndo, depois de todo mundo,
bateria a mão na parede
e gritaria
1 2 3 salvo o mundo
E o jogo começaria denovo
escondidos novamente
e denovo
denovo
denovo
Até que não precisemos mais nos esconder.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
De onde eu vim
Lembro desse dia. Eu estava no chão da sala abrindo os presentes que eu havia recebido naquele aniversário de sete anos.
Peguei o caderninho com o Mickey na capa e perguntei o que era e a minha mãe provavelmente disse que era um diário.
Eu sabia o que era um diário, já devia ter visto na tv, inclusive, achava o máximo as histórias do Doug.
Minha mãe deve ter dito que era um caderneta de contar como foi o dia e escrever meus pensamentos. E isso me convenceu.
O diário permaneceu em branco por uns tempos. E logo comecei a escrever, lembro de alguns velhos registros, inclusive.
O problema é que eu não dominava regras sobre os diários. Depois de um curto espaço de tempo, eu lia o que havia escrito e jogava fora, porque achava tudo ruim e alguém podia ler.
Não havia segredos, mas eu definitivamente não queria que lessem o jeito como eu escrevia mal e sobre assuntos tão inúteis.
Arranquei todas as folhas quando tinha uns nove anos e joguei tudo fora.
Uma vez na 5ªsérie, estávamos estudando o gênero diário e novamente pensei como podia ser legal, ter um diário. Voltei a escrever.
Mas depois parei denovo. Mas esse ainda tenho (o velho caderninho do Mickey, já desgastado depois de tantas folhas arrancadas...).
No entanto, sempre tive percepção de como o diário ajudava nas coisas que eu tinha que escrever na escola, era um exercício que me fazia bem.
Com 12 anos, devo ter visto um anuncio no ig, falando que dava pra ter um diário virtual. Algumas conhecidas tinham...
Fiz um também. Não lembro o nome. Depois mudei para o blogger e lá fiquei. A idéia era mesmo ter um diário.
Por muito tempo escrevi coisas cotidianas e abria toda a minha vida ali. Mas nunca me dei conta de que, a minha escrita deixava de ser privada.
Por esse motivo, tive inúmeros problemas no blog por expôr a minha opinião. E se tem uma coisa que eu sempre banquei, é a minha opinião. Então, já viu.
Em 2007, cansada dos problemas do blog, resolvi escrever um diário com assuntos mais pessoais. Mantive os dois. Mas escrevi no diário por menos de um ano.
Ainda tenho este diário também. Parei de escrever nele, por falta de tempo, nunca conseguia parar para escrever, até que nunca mais escrevi.
Resolvi ser mais limpinha no meu blog e me expôr menos. E fiquei preenchida. Com o blog consigo praticar o exercício de escrever e ainda fico em contato com os amigos, além de ser mais funcional.
Este ano, tive que mudar de blog. Pela falta de tempo, passei a escrever menos e a me cobrar mais ainda, no exercício de escrever.
E eu passei num curso de letras. Isso faz com que eu me cobre ainda mais, mas me deu uma certa auto-estima, fiquei com mais vontade de experimentar outras coisas no campo escrito.
Comecei a fazer um diário de bordo com impressões sobre o mundo universitário e logo parei.
Mas comecei a escrever mais aqui no meu blog e ando gostando disso.
Bom, na verdade escrevi tudo isso, porque resolvi que quero ter um diário novo. E já tenho folhas para fazê-lo e tudo.
Senti falta de um suporte (Ah, Maingueneau, olha você aqui) para uma escrita privada.
Este blog tornou-se pequeno para abrigar todas as minhas inquietações, preciso de outros espaços também.
ok, preciso de um diário. Era só isso que eu queria dizer.
Grata.
Peguei o caderninho com o Mickey na capa e perguntei o que era e a minha mãe provavelmente disse que era um diário.
Eu sabia o que era um diário, já devia ter visto na tv, inclusive, achava o máximo as histórias do Doug.
Minha mãe deve ter dito que era um caderneta de contar como foi o dia e escrever meus pensamentos. E isso me convenceu.
O diário permaneceu em branco por uns tempos. E logo comecei a escrever, lembro de alguns velhos registros, inclusive.
O problema é que eu não dominava regras sobre os diários. Depois de um curto espaço de tempo, eu lia o que havia escrito e jogava fora, porque achava tudo ruim e alguém podia ler.
Não havia segredos, mas eu definitivamente não queria que lessem o jeito como eu escrevia mal e sobre assuntos tão inúteis.
Arranquei todas as folhas quando tinha uns nove anos e joguei tudo fora.
Uma vez na 5ªsérie, estávamos estudando o gênero diário e novamente pensei como podia ser legal, ter um diário. Voltei a escrever.
Mas depois parei denovo. Mas esse ainda tenho (o velho caderninho do Mickey, já desgastado depois de tantas folhas arrancadas...).
No entanto, sempre tive percepção de como o diário ajudava nas coisas que eu tinha que escrever na escola, era um exercício que me fazia bem.
Com 12 anos, devo ter visto um anuncio no ig, falando que dava pra ter um diário virtual. Algumas conhecidas tinham...
Fiz um também. Não lembro o nome. Depois mudei para o blogger e lá fiquei. A idéia era mesmo ter um diário.
Por muito tempo escrevi coisas cotidianas e abria toda a minha vida ali. Mas nunca me dei conta de que, a minha escrita deixava de ser privada.
Por esse motivo, tive inúmeros problemas no blog por expôr a minha opinião. E se tem uma coisa que eu sempre banquei, é a minha opinião. Então, já viu.
Em 2007, cansada dos problemas do blog, resolvi escrever um diário com assuntos mais pessoais. Mantive os dois. Mas escrevi no diário por menos de um ano.
Ainda tenho este diário também. Parei de escrever nele, por falta de tempo, nunca conseguia parar para escrever, até que nunca mais escrevi.
Resolvi ser mais limpinha no meu blog e me expôr menos. E fiquei preenchida. Com o blog consigo praticar o exercício de escrever e ainda fico em contato com os amigos, além de ser mais funcional.
Este ano, tive que mudar de blog. Pela falta de tempo, passei a escrever menos e a me cobrar mais ainda, no exercício de escrever.
E eu passei num curso de letras. Isso faz com que eu me cobre ainda mais, mas me deu uma certa auto-estima, fiquei com mais vontade de experimentar outras coisas no campo escrito.
Comecei a fazer um diário de bordo com impressões sobre o mundo universitário e logo parei.
Mas comecei a escrever mais aqui no meu blog e ando gostando disso.
Bom, na verdade escrevi tudo isso, porque resolvi que quero ter um diário novo. E já tenho folhas para fazê-lo e tudo.
Senti falta de um suporte (Ah, Maingueneau, olha você aqui) para uma escrita privada.
Este blog tornou-se pequeno para abrigar todas as minhas inquietações, preciso de outros espaços também.
ok, preciso de um diário. Era só isso que eu queria dizer.
Grata.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
pratododia
Eu fiquei com o resto.
Peguei tudo o que sobrou naquele prato, guardei num “tapauér” e coloquei na geladeira numa esperança de que o frio fizesse sumir todos aqueles micróbios. Depois de um tempo, abri a geladeira e despejei o resto no prato.
Eu não sabia que estavam distribuindo resto de comida por aí. De qualquer forma, eu cheguei tarde. Tarde para ganhar o prato de comida que eu havia escolhido. Cheguei algum tempo depois, sabe?
E por isso sobrou-me apenas o resto. O resto arrumado no prato, de um jeito bem diferente da qual eu gosto de comer.
Mas não importa. Eu misturo denovo com a colher até perder a forma e como mesmo assim, sentadinha naquele degrau.
Meu estômago sente-se preenchido.
Mesmo que eu esteja comendo o que sobrou.
Peguei tudo o que sobrou naquele prato, guardei num “tapauér” e coloquei na geladeira numa esperança de que o frio fizesse sumir todos aqueles micróbios. Depois de um tempo, abri a geladeira e despejei o resto no prato.
Eu não sabia que estavam distribuindo resto de comida por aí. De qualquer forma, eu cheguei tarde. Tarde para ganhar o prato de comida que eu havia escolhido. Cheguei algum tempo depois, sabe?
E por isso sobrou-me apenas o resto. O resto arrumado no prato, de um jeito bem diferente da qual eu gosto de comer.
Mas não importa. Eu misturo denovo com a colher até perder a forma e como mesmo assim, sentadinha naquele degrau.
Meu estômago sente-se preenchido.
Mesmo que eu esteja comendo o que sobrou.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Eis uma explicação.
Vocês tem razão, todos vocês, eu sou sozinha mesmo. Faz parte da minha personalidade, faz parte do jeito que eu aprendi a ser.
Eu sou legal sim, tenho uma capacidade bacana em fazer amigos. Sei me fazer comunicativa, consigo participar de qualquer rolê quando estou de bom humor.
Mas isso aconteceu agora. Eu sempre fui seletiva e preferia ficar sozinha a ter que tentar me comunicar com pessoas que eu achava que não tinha a ver.
E, infelizmente, eu sempre estive em lugares, cheio de pessoas que não tem nada a ver.
Mas eu já sabia ser sozinha antes de perceber que sempre estive em lugares cheio de pessoas nada a ver.
Eu nunca tive irmãos, com quem brincar. Minha interação com outras crianças, dependia dos meus primos.
E eu tenho muitos primos, mesmo. Mas nem sempre o fio condutor foi a chamada afinidade.
Muitas vezes o que me conduzia era um pensamento que guardo pra mim até hoje "é o que tem pra hoje".
Hoje em dia repenso essa questão dos primos e parece que não dava pra ser diferente, não. Não tinha muita escolha.
Os primos e primas que tenho mais afinidade são mais velhos do que eu ou muito mais novos. Então, não dava pra brincar direito.
E essa coisa de primo (ainda mais com primos da sua idade) sempre parece uma coisa meio forçada, né?
Como eu disse, sempre estive em lugares com um monte de gente nada a ver comigo. Tenho a impressão que este fator é decorrente do lugar onde eu moro, mas ainda não formulei bem a tese.
Mas sempre consegui escolher e achar amigos, as pessoas podem ser receptivas e legais, independete de gostar das mesmas coisas que eu.
Mas com essa de ser seletiva fui aprendendo a ser sozinha. Eu adoro pessoas, mas eu adoro pessoas escolhidas e não aleatórias.
Desde criança eu sei ser sozinha. Faz parte da minha personalidade.
Passei muitas tardes de fim de semana brincando sozinha enquanto o meu pai assistia o jogo com algum primo na sala e a minha mãe dormia depois do almoço.
Minha questão sempre foi: Por que não podemos sair nós três e fazer alguma coisa?
Eu sempre quis isso e isso só teve recorrentemente, tempos depois quando eu me dei conta que eu apreciava a cultura e a intelectualidade e passei a conhecer lugares mais longes.
Percebi isso por um comentário da minha mãe no dia das crianças "Por que invés dos pais levarem os filhos no shopping, não levam no ibirapuera?".
Ué, eles devem ter os motivos deles ué. Humpf, no meu dia das crianças, nem shopping tinha. Eu brincava sozinha com o meu brinquedo novo em casa mesmo.
O ibirapuera eu só conheci aos 12 anos com a escola e olha que eu sabia da existência desse lugar e vivia pedindo pra conhecer.
Eu fui aprendendo a ser sozinha. Eu brinquei muito sozinha, eu conheci muitos lugares sozinha.
Além disso, eu moro na casa que os meus pais escolheram e receber as minhas visitas aqui, nunca foi o forte deles.
Quero dizer, de qualquer forma, aqui, estou submetida a milhares de escolhas deles.
E claro isso aumenta a solidão, essa é uma das minhas maiores reclamações daqui.
Não gosto daqui. Mas por outro lado, nunca deu pra ser menos pior, também.
Eu nunca tive um cachorro, por exemplo. E eu não posso encher a geladeira de breja e chamar todos os meus amigos pra ficar aqui um pouco.
Por tudo que eu citei acima, eu consigo perceber que sempre senti muitos vazios e por isso, fui aprendendo a conviver com esses vazios.
E hoje esses vazios parecem enormes, as vezes eu mesma consigo tapá-los e as vezes alguém vem e tapa.
Mas nem sempre consigo perceber quando um vazio deixa de existir. E me sinto constantemente sozinha.
Mas eu tenho chamado a minha solidão de aprendizado e uso pra alguma coisa, eu tenho usado a solidão para escrever.
E esse foi o caminho onde eu me encontrei melhor e onde eu gosto mais dos meus textos.
Agora vou revisar meu artigo sobre a música dos Mamonas Assassinas.
Até breve.
Eu sou legal sim, tenho uma capacidade bacana em fazer amigos. Sei me fazer comunicativa, consigo participar de qualquer rolê quando estou de bom humor.
Mas isso aconteceu agora. Eu sempre fui seletiva e preferia ficar sozinha a ter que tentar me comunicar com pessoas que eu achava que não tinha a ver.
E, infelizmente, eu sempre estive em lugares, cheio de pessoas que não tem nada a ver.
Mas eu já sabia ser sozinha antes de perceber que sempre estive em lugares cheio de pessoas nada a ver.
Eu nunca tive irmãos, com quem brincar. Minha interação com outras crianças, dependia dos meus primos.
E eu tenho muitos primos, mesmo. Mas nem sempre o fio condutor foi a chamada afinidade.
Muitas vezes o que me conduzia era um pensamento que guardo pra mim até hoje "é o que tem pra hoje".
Hoje em dia repenso essa questão dos primos e parece que não dava pra ser diferente, não. Não tinha muita escolha.
Os primos e primas que tenho mais afinidade são mais velhos do que eu ou muito mais novos. Então, não dava pra brincar direito.
E essa coisa de primo (ainda mais com primos da sua idade) sempre parece uma coisa meio forçada, né?
Como eu disse, sempre estive em lugares com um monte de gente nada a ver comigo. Tenho a impressão que este fator é decorrente do lugar onde eu moro, mas ainda não formulei bem a tese.
Mas sempre consegui escolher e achar amigos, as pessoas podem ser receptivas e legais, independete de gostar das mesmas coisas que eu.
Mas com essa de ser seletiva fui aprendendo a ser sozinha. Eu adoro pessoas, mas eu adoro pessoas escolhidas e não aleatórias.
Desde criança eu sei ser sozinha. Faz parte da minha personalidade.
Passei muitas tardes de fim de semana brincando sozinha enquanto o meu pai assistia o jogo com algum primo na sala e a minha mãe dormia depois do almoço.
Minha questão sempre foi: Por que não podemos sair nós três e fazer alguma coisa?
Eu sempre quis isso e isso só teve recorrentemente, tempos depois quando eu me dei conta que eu apreciava a cultura e a intelectualidade e passei a conhecer lugares mais longes.
Percebi isso por um comentário da minha mãe no dia das crianças "Por que invés dos pais levarem os filhos no shopping, não levam no ibirapuera?".
Ué, eles devem ter os motivos deles ué. Humpf, no meu dia das crianças, nem shopping tinha. Eu brincava sozinha com o meu brinquedo novo em casa mesmo.
O ibirapuera eu só conheci aos 12 anos com a escola e olha que eu sabia da existência desse lugar e vivia pedindo pra conhecer.
Eu fui aprendendo a ser sozinha. Eu brinquei muito sozinha, eu conheci muitos lugares sozinha.
Além disso, eu moro na casa que os meus pais escolheram e receber as minhas visitas aqui, nunca foi o forte deles.
Quero dizer, de qualquer forma, aqui, estou submetida a milhares de escolhas deles.
E claro isso aumenta a solidão, essa é uma das minhas maiores reclamações daqui.
Não gosto daqui. Mas por outro lado, nunca deu pra ser menos pior, também.
Eu nunca tive um cachorro, por exemplo. E eu não posso encher a geladeira de breja e chamar todos os meus amigos pra ficar aqui um pouco.
Por tudo que eu citei acima, eu consigo perceber que sempre senti muitos vazios e por isso, fui aprendendo a conviver com esses vazios.
E hoje esses vazios parecem enormes, as vezes eu mesma consigo tapá-los e as vezes alguém vem e tapa.
Mas nem sempre consigo perceber quando um vazio deixa de existir. E me sinto constantemente sozinha.
Mas eu tenho chamado a minha solidão de aprendizado e uso pra alguma coisa, eu tenho usado a solidão para escrever.
E esse foi o caminho onde eu me encontrei melhor e onde eu gosto mais dos meus textos.
Agora vou revisar meu artigo sobre a música dos Mamonas Assassinas.
Até breve.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Antes tarde do que nunca.
Bom, como já é do conhecimento de todos, só gosto de gostar dos rapazes mais interessantes (ok, alguns eu finjo gostar por questões de interesses afetivos e sexuais).
Claro que para ser interessante, o cara tem que ter, viu, bem? TEM QUE TER! algum talento.
Meu maior orgulho é saber que tenho muitos amigos talentosos.
E por isso, quero recomendar este blog aqui:
www.tirasnao.blogspot.com
O Thales é quadrinista, escreve e desenha bem pra caralho. E porra, tenho que recomendar o trampo dele aqui, porra.
Ah, só queria lembrar que nesse fim de semana, vai rolar o 17 Fest Comix! Sabe? Aquele puta evento de quadrinhos, que tu deixa todo seu salário/mesada e fica sem dinheiro pra comer depois?
Pois é.
Ah sim, o Thales estará lá também (inclusive, o conheci na Fest Comix do ano passado) na parte dos quadrinhos autorais, no stand da Editora Crás.
A editora Crás é uma editora independente e tem uns trabalhos muito maneiros por lá, recomendo também.
Agora você já tem um blog legal para visitar e um programa pra gastar seu dinheiro no final de semana.
Claro que para ser interessante, o cara tem que ter, viu, bem? TEM QUE TER! algum talento.
Meu maior orgulho é saber que tenho muitos amigos talentosos.
E por isso, quero recomendar este blog aqui:
www.tirasnao.blogspot.com
O Thales é quadrinista, escreve e desenha bem pra caralho. E porra, tenho que recomendar o trampo dele aqui, porra.
Ah, só queria lembrar que nesse fim de semana, vai rolar o 17 Fest Comix! Sabe? Aquele puta evento de quadrinhos, que tu deixa todo seu salário/mesada e fica sem dinheiro pra comer depois?
Pois é.
Ah sim, o Thales estará lá também (inclusive, o conheci na Fest Comix do ano passado) na parte dos quadrinhos autorais, no stand da Editora Crás.
A editora Crás é uma editora independente e tem uns trabalhos muito maneiros por lá, recomendo também.
Agora você já tem um blog legal para visitar e um programa pra gastar seu dinheiro no final de semana.
domingo, 10 de outubro de 2010
Eu dialogo com maiores abandonados.
Eu te dei aquele copo com água. E você pediu para entrar e eu deixei.
E você tá aqui, aqui dentro. Então por que você simplesmente, não fica a vontade e senta no sofá e dá risada com um dos meus filmes bobos?
Eu divido os meus livros com você, eu divido as minhas jujubas que eu guardo no copinho, eu divido até o meu chocolate branco com cookies.
Eu divido tudo.
Eu tiro as minhas coisas da lareira e acendo o fogo e tudo pode ficar quente e doce numa noite de frio.
Eu nunca acendo a lareira. Mas dessa vez posso acender, mas só porque é você, acredite.
Eu nem sei porque construí uma casa com lareira, nunca tem ninguém pra ver o fogo queimando.
O fogo sempre queima tudo que passou. Mas sabe, eu sempre fui água, também. Tudo fica por aqui mesmo.
Porque água é cachoeira e toda água tem que descer do topo até cair no chão e misturar com outras águas e correr, correr e passar.
Minhas caixas com lembranças e minhas gazes sujas de tanto limpar feridas ficam por aqui o tempo todo, mas eu encosto tudo pelos cantos da casa.
Fica um espaço grande no meio do quarto, assim. Assim porque sempre tem que ter espaço pro novo. E eu não tenho medo do novo, mesmo que o novo seja desconhecido.
Eu tenho medo é de tudo que eu conheço e já vi.
Larga essa faca, cara. Tu não quer fazer isso, eu sei. Vai doer mais em você do que em mim, eu sei.
A porta tá aberta, tu pode ir embora e eu não conto pra ninguém, não te denuncio pra polícia.
Larga essa faca, eu aposto que tu não quer rasgar o meu coração.
E você tá aqui, aqui dentro. Então por que você simplesmente, não fica a vontade e senta no sofá e dá risada com um dos meus filmes bobos?
Eu divido os meus livros com você, eu divido as minhas jujubas que eu guardo no copinho, eu divido até o meu chocolate branco com cookies.
Eu divido tudo.
Eu tiro as minhas coisas da lareira e acendo o fogo e tudo pode ficar quente e doce numa noite de frio.
Eu nunca acendo a lareira. Mas dessa vez posso acender, mas só porque é você, acredite.
Eu nem sei porque construí uma casa com lareira, nunca tem ninguém pra ver o fogo queimando.
O fogo sempre queima tudo que passou. Mas sabe, eu sempre fui água, também. Tudo fica por aqui mesmo.
Porque água é cachoeira e toda água tem que descer do topo até cair no chão e misturar com outras águas e correr, correr e passar.
Minhas caixas com lembranças e minhas gazes sujas de tanto limpar feridas ficam por aqui o tempo todo, mas eu encosto tudo pelos cantos da casa.
Fica um espaço grande no meio do quarto, assim. Assim porque sempre tem que ter espaço pro novo. E eu não tenho medo do novo, mesmo que o novo seja desconhecido.
Eu tenho medo é de tudo que eu conheço e já vi.
Larga essa faca, cara. Tu não quer fazer isso, eu sei. Vai doer mais em você do que em mim, eu sei.
A porta tá aberta, tu pode ir embora e eu não conto pra ninguém, não te denuncio pra polícia.
Larga essa faca, eu aposto que tu não quer rasgar o meu coração.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Dia das bruxas
Travessuras e (ou) gostosuras é o meu lema. Não ligo de bater em sua porta e pedir um doce.
Porque sei que é fase, normal, uma hora passa, porque tudo passa.
Uma hora eu canso de bater em sua porta e pedir um sorriso, fazer uma gracinha com uma fantasia escura só pra ganhar um doce.
Numas de adoçar a boca, numas de sentir o doce sabor do doce que tu coloca em minhas mãos.
Encha meu pote com doces, alegrias e sorrisos.
E eu esqueço que eu consigo ser uma garotinha malvada se eu quiser.
Porque sei que é fase, normal, uma hora passa, porque tudo passa.
Uma hora eu canso de bater em sua porta e pedir um sorriso, fazer uma gracinha com uma fantasia escura só pra ganhar um doce.
Numas de adoçar a boca, numas de sentir o doce sabor do doce que tu coloca em minhas mãos.
Encha meu pote com doces, alegrias e sorrisos.
E eu esqueço que eu consigo ser uma garotinha malvada se eu quiser.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Guardei em minhas malas cada lembrança, cada sorriso, cada palavra doce.
Todas as coisas que outrora foram jogadas pelo chão.
Tudo que já havia sumido de você, antes que eu decidisse partir.
Tinha o dinheiro para o pão com o ovo mais o bilhete do trem.
Me perdi.
Vinte anos depois eu tentei me achar.
E lá estava eu.
Tudo de mim.
Toda a minha vida guardada dentro de uma mala, durante esse tempo todo.
Todas as coisas que outrora foram jogadas pelo chão.
Tudo que já havia sumido de você, antes que eu decidisse partir.
Tinha o dinheiro para o pão com o ovo mais o bilhete do trem.
Me perdi.
Vinte anos depois eu tentei me achar.
E lá estava eu.
Tudo de mim.
Toda a minha vida guardada dentro de uma mala, durante esse tempo todo.
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