O texto a seguir é do meu amigo Bruno (link para o blog dele, ao lado). O Bruno é um cara que me enche de orgulho, por inúmeros motivos. E aí, eu estava dando um rolê no blog dele, li esse texto e me identifiquei muito. Senti a necessidade de dividir.
Onde os sonhos se tornam realidade
Provenho de uma família de classe média baixa. Cresci num bairro periférico da cidade de São Paulo, a COHAB José Bonifácio, no bairro de Itaquera (também conhecida como COHAB 2). Fui o primeiro de uma leva de sete netos do Seu Lourenço e da D. Nira. Nunca tivemos dinheiro de sobra para fazer extravagâncias.
Eu sempre estudei em escolas particulares de bairro, mesmo muitas vezes tento a mensalidade atrasada. Eu fiz inglês, teatro, música – e muitas vezes, os problemas de pagamento continuavam existindo. Aprendi a me tornar uma pessoa múltipla. Aquele orgulho da família, o bom amigo das meninas, o bobo amigo dos meninos e o guri esquecido por mais simpático que fosse.
Era o mais pobre dos amigos ricos e o mais rico dos amigos pobres e acho que isso reflete minha vida até hoje, onde começo a tomar algumas rédeas de algumas situações e tento levar a coisa por um caminho diferente. Muitas vezes me pergunto se é errado que eu seja uma pessoa tão amparada e apoiada pela minha família, por que escuto histórias de amigos e, principalmente, da minha família, onde me contam dos prazeres privados durante a vida para que, hoje, pudéssemos desfrutar de algum conforto.
Fiquei um pouco decepcionado com minha postura consumista ao saber que a minha mãe só havia ido a um McDonalds com 20 anos. É decepcionante ouvir as histórias sobre como conseguiam conciliar trabalho, estudo e vida privada.
Meus pais compararam seus carros antes do que eu vou comprar. Compraram suas casas antes do que eu vou comprar. Casaram e tiveram filhos antes do que eu os farei.
E agora eu penso.
Também fiz um cursinho pré-vestibular mais barato, num período que não era o ideal. Consegui passar numa universidade boa, mas num curso com muitas vagas, baixa nota de corte e com uma infra-estrutura prejudicada.
Minha vida parece uma constante tentativa de reparar lacunas, mesmo enquanto eu abro outras. Hoje consigo ter algum conforto devido ao apoio da minha família, mas vivo o conforto que meus pais buscaram para sair do seu estado de calamidade.
Eu pareço ser uma pessoa com metas e objetivos. Esses objetivos são, constantemente, alcançados, mas acho que aprendi (com muito conforto e amparo) a me tornar uma pessoa persistente nos seus objetivos.
Nunca fui para a Disney, por que nunca tive dinheiro para isso. Mas já viajei para Curitiba, Fortaleza, Caldas Novas. Já andei de avião, já fui mais de 200 vezes ao cinema.
Dizem que a Disney é o lugar ‘where dreams come true’, mas meus sonhos se tornam realidade aqui em São Paulo mesmo, com um grupo de teatro que ainda não tem dinheiro, com uma família pobre que é feliz e unida e sendo uma pessoa que acredita ser feliz, e talvez por isso, eu realmente seja.
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